sexta-feira, 3 de maio de 2013

Melhor representante do Iluminismo




No século XVIII, o Iluminismo despontou como um dos maiores movimentos culturais da História, com a pretensão de, a partir da razão, lançar suas luzes sobre a humanidade. 

Os pensadores que estruturaram conceitualmente o Iluminismo, acreditavam que o progresso material, intelectual e moral do homem só seria possível através do exercício racional do modo de pensar o mundo, libertando-o dos dogmas da herança Medieval.

Vale lembrar que o Período Medieval, que precedeu o Iluminismo, foi marcado por um forte cunho religioso e de governo monárquico baseado na predestinação sobrenatural, em que os reis exerciam o poder, amparados por uma escolha divina, razão pela qual se auto-proclamavam no direito de sobrepujar aos seus governados.

Já o movimento das Luzes, tendo como premissa ser a razão a única ferramenta capaz de permitir a compreensão sobre o mundo, caracterizou-se como o eco dos anseios burgueses por deslocamento social e tomada de poder das mãos tirânicas, se expandindo por toda a Europa, sobretudo na Inglaterra, França e Alemanha.

Assim, cada um destes países vinculou-se ao Iluminismo a partir de características específicas, ainda que sempre atrelados aos principais conceitos propostos pelas Luzes, sendo eles:

*Primado da razão face ao obscuro Período Medieval;
*Resgate da humanidade de suas irracionais superstições;
*Defesa dos direitos naturais dos homens, contra a opressão monárquica;
*Luta contra qualquer tipo de tirania absoluta;
*Negação da metafísica;
*Defesa do deísmo em contraposição às religiões positivas;
*Afirmação da ciência como base do conhecimento.

Realizado este breve apanhado histórico, poderemos analisar, dentre os pensadores do Iluminismo, qual deles mais reflete os ideais do período: Voltaire. Partindo dos três principais pilares do Iluminismo (revolução religiosa, política e moral/metafísica), vamos atrelá-los às idéias de Voltaire.

Considerado como um dos maiores iluministas, François Marie Arouet, verdadeiro nome do pseudônimo Voltaire, sob forte influência do Iluminismo inglês, coadunou as principais características das Luzes, o que levou, por essa razão, a ser preso inúmeras vezes, ter seus livros queimados em praça pública e a viver em constante fuga das ameaças de prisão e morte.

A primeira característica que acreditamos fazer de Voltaire o mais expressivo dos iluministas, relaciona-se com suas reflexões sobre a fé. O Iluminismo não foi um movimento ateu, pois a maioria de seus pensadores eram deístas, assim como Voltaire. Crendo na chamada Religião Natural, Voltaire dialogou com este que é um dos pilares do Iluminismo: não se destrona a figura divina, mas se deixa de creditar-lhe poderes de interferência sobre a vida humana, já que a concepção deísta acreditava na existência de um poder sobrenatural de criação do mundo, embora defendesse que tal poder não interviesse no destino dos homens, tampouco ouvisse suas preces e desejos. 

Assim, Voltaire não critica a religião em si, mas as superstições infundadas que tolhem a potência humana. Com isso, postulava uma vida baseada na razão, na racionalização das experiências, outorgando ao homem os deveres e direitos mitigados pelo Período Medieval, a liberdade de escolha, indo de encontro à luta iluminista contra os dogmas religiosos, libertando o homem de suas prisões metafísicas. 

Além disso, Voltaire era um exímio escritor, utilizando seus panfletos e livros para a divulgação dos ideais iluministas de insurgência contra o poder monárquico. Não que fosse contra a monarquia, mas por ter tido acesso ao modelo monárquico inglês, Voltaire defendia um despotismo aberto, sem arbitrariedade, um poder esclarecido aos seus governados, que permitisse-lhes a liberdade de expressão (ainda que não a liberdade política).

Acreditando que coubesse ao rei um preparo filosófico para a condução dos homens à felicidade, o pensador francês idealizava uma monarquia amparada pela razão, não submetida às ordens religiosas.

Por fim, Voltaire se expressa como autêntico iluminista ao questionar a subjetividade das crenças metafísicas, questionando as noções de destino, natureza humana, trabalho, felicidade. Para o pensador, assim como para os demais iluministas, não haveria razão suficiente para justificar as crenças metafísicas, nem o homem condições para especular com segurança sobre o poder divino e a realidade transcendente, devendo centrar-se nas questões reais, ao alcance real dos homens, para que pudessem, mediante a razão, transformá-las.

Desta maneira, podemos entender que Voltaire, se não foi o maior iluminista, ao menos defendeu posicionamentos que expressaram claramente os maiores preceitos do Iluminismo: tolerância religiosa (ainda que fosse deísta), o exercício do poder mediante uso da razão, com esteio filosófico e sem arbitrariedades (embora não fosse contra a monarquia) e crítica à metafísica especulativa vazia, sem amparo racional (embora também filosofasse sobre assuntos caros à chamada metafísica).

Portanto, atendendo à solicitação do Fórum, podemos entender as contribuições de Voltaire da seguinte maneira:

Contribuição na educação: Com Voltaire, o sujeito torna-se histórico, uma vez que o pensador ressalta a importância do conhecimento dos fatos históricos para o desenvolvimento do aluno. Este preceito visava ao maior objetivo de Voltaire: a luta contra o fanatismo e a intolerância, premissas indispensáveis para o livre exercício da razão.

Contribuição Política: Voltaire contribuiu para a política francesa ao defender que a Igreja não deveria intervir nos aspectos políticos, de maneira a não legitimar apenas uma pequena parcela dos interesses da sociedade. Combatia o obscurantismo do absolutismo, defendendo que caberia ao rei um preparo filosófico para o comando do povo. Além disso, uma política livre da opressão religiosa, possibilitaria o livre mercado e o livre desenvolvimento intelectual, de acordo com o talento e propensão próprios a cada indivíduo, levando à prosperidade econômica.

Contribuição Científica: Surpreendido com a física de Newton, Voltaire foi o seu maior propagador. Movido por esse interesse, Voltaire comparava as leis da física proposta por Newton com a imagem do Deus escolástico, corroborando na negação dos dogmas cristãos, mediante o conhecimento físico da natureza.

Natachy Petrini

FONTE DE CONSULTA:

KRASTANOV, Stefan Vassilev; CRESPO, Luís Fernando; BOTELHO, Osmair Severino. CRC História da Filosofia Contemporânea I, CEUCLAR.

SILVA, Rafael da. Iluminismo. Disponível em: < http://www.ebah.com.br/content/ABAAAenTIAE/iluminismo >. Acesso em 11 Março 2013.

GONZÁLEZ, Ethiel Omar Cartes. O Iluminismo Francês. Disponível em: < http://www.freemasons-freemasonry.com/Iluminismo_Francés.html >. Acesso em 09 Março 2013.

O Iluminismo. Disponível em: < http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/iluminismo.htm >. Acesso em 09 Março 2013.

A Importância do Iluminismo Francês. Disponível em: < http://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/a-importancia-do-iluminismo-frances-.htm >. Acesso em 09 Março 2013.

PEREIRA, João Paulo Rodrigues. A Existência de Deus na Perspectiva de Voltaire. Disponível em: < http://pensamentoextemporaneo.wordpress.com/2010/05/29/a-existencia-de-deus-na-perspectiva-de-voltaire/ >. Acesso em 09 Março 2013.

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