sexta-feira, 3 de maio de 2013

Diferenças entre a concepção do homem greco romano e medieval


Fórum I - Antropologia Filosófica

Quais as semelhanças e diferenças entre a concepção do homem na antiguidade greco-romana e na época medieval?



A concepção sobre o homem na Filosofia Greco-Romana
Os primeiros pensadores da Grécia Antiga, Heráclito, Parmênides, Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles, passaram a refletir sobre a condição humana para além das alegorias e fábulas metafóricas do período mítico.

Remontando a esses pensadores, embora não se tratasse, especificamente, de uma verdadeira Antropologia Filosófica, todos esses filósofos refletiram, a partir de suas concepções teóricas, sobre os indivíduos, sua essência, sobre o que os tornariam, de fato, humanos. Logo, esboçaram o esteio do que viria a ser a Antropologia Filosófica contemporânea.

Com o surgimento das pólis e a agitação cultural da época, as reflexões sobre a concepção humana foram se desenvolvendo junto às cidades, culminando na concepção naturalista sobre o homem no período Greco-romano.

Na fase pré-socrática, de cunho efetivamente naturalista, os filósofos especulavam sobre a natureza do homem, tornando-o “a medida de todas as coisas”, para citar o sofista Protágoras.
Por sua vez, Heráclito e Parmênides debruçaram-se, tais quais os pensadores de seu tempo, sobre a natureza das coisas, elevando o homem sobre os demais seres vivos, dotando-o da capacidade primordial de apreensão da realidade.

Pitágoras, precursor da escola filosófica que leva seu nome, defendia a pré-existência de uma alma imortal com relação ao corpo. Nessa dualidade, por um lado a alma recebe status divino, enquanto o corpo, o de degradado pela corrupção natural.

Em Sócrates, a concepção sobre o homem passa a refletir sua capacidade de conhecer-se a si mesmo, de raciocinar sobre as próprias verdades e a verdade do mundo, a partir da interlocução interrogativa com seus pares e o meio, incentivando a dúvida sobre as certezas, até então, aceitas tacitamente.
Com Platão, parte da concepção dualista de Pitágoras é retomada, instrumentalizando o corpo em favor da alma. Tal como Pitágoras, defendia a pré-existência e a imortalidade da alma. Podemos entender, em Platão, a concepção humana através do Mito da Caverna, onde descreve a metáfora de um prisioneiro absorto no mundo sensível e que, mediante reflexão e certa dor, supera a condição de prisioneiro em busca da verdade.

Já com Aristóteles, a concepção sobre o homem pode ser entendida através do conceito de ato e potência. Nela, defende que todo ser possui uma substância onde coexistem matéria e forma, potência e ato.  Assim, Aristóteles refuta o dualismo platônico ao defender que alma e corpo não podem existir separadamente, mas que coexistem na substância, sendo a potência humana sua essência, e a existência, a potência atualizada em ato.

Com isso, podemos observar que a característica predominante da concepção humana no período Grego, a partir do pensamento de seus principais filósofos, consiste em focar no homem, no exercício de desvendar sua natureza, composição, estrutura e estar no mundo. Analisando sua constituição, os gregos singularizaram o homem, tornando-o único entre os seres vivos.

Já no período denominado Helenista, em razão das próprias condições culturais e sociais pelas quais passavam as cidades da região, a especulação sobre a natureza do homem perde espaço para a análise das experiências humanas, nas elucubrações sobre o seu comportamento e o seu modo de estar, praticamente, no mundo.

Nessa fase de transição entre a Filosofia Antiga e Medieval, correntes filosóficas também se propuseram a pensar a concepção humana, tais como o Hedonismo (o homem deve buscar o prazer), o Estoicismo (o homem deve se resignar e controlar seus impulsos) e o Neoplatonismo (cabe ao homem mergulhar na meditação filosófica para superar a imperfeição).
Após esse período de transição, o cristianismo ganha força, desviando as especulações da concepção humana antropocêntrica para teocêntrica, onde o homem passa a ser medido e pensado pela figura divina e não mais por sua natureza.

A concepção sobre o homem no Período Medieval

No assim chamado Período Medieval, sob influência do neoplatonismo, os seus principais pensadores procuraram aliar elementos da Filosofia Greco-romana à ética cristã.

Era preciso adaptar os preceitos cristãos de revelação divina aos elementos filosóficos dos períodos que antecederam o Medievo. Para isso, a concepção do homem na Idade Média contou, sobretudo, com Santo Agostinho e Santo Thomas de Aquino.

Com influência platônica e neoplatônica, para Santo Agostinho, o homem é a imagem de Deus e é a partir do conhecimento que o homem tem sobre si mesmo, que pode chegar à divindade. Para isso, ele precisa conhecer-se interiormente, de maneira a alcançar a graça divina.

Já Thomas de Aquino fundamenta sua filosofia em Aristóteles, em detrimento aos preceitos platônicos. Por isso defende a unidade das formas e a sujeição da alma vegetativa e sensível à alma racional. Com isso, Thomas de Aquino busca ampliar o poder da fé sobre a razão.

Desta maneira, se na Filosofia Greco-romana a concepção sobre o homem é antropológica, voltada para o estudo de sua natureza e constituição, no Período Medieval essa concepção torna-se teocêntrica, onde o homem deixa de ser a medida de todas as coisas para tornar-se presa dos mandamentos divinos.

Natachy Petrini

FONTE DE CONSULTA:
ACHA, Juan Antonio; PIVA, Sérgio Ibanor. Antropologia Filosófica. Batatais: Claretiano, 2012 CRC da Disciplina.
FERNANDES, Vicente Sérgio Brasil. Período Greco Romano no Mundo Medieval. Disponível em: < http://olhar-filosofico.blogspot.com.br/2012/03/periodo-greco-romano-no-universo.html >
OLIVEIRA, Fabiano Viana. Notas de Aula – Antropologia Filosófica. Disponível em: < http://olhar-filosofico.blogspot.com.br/2012/03/periodo-greco-romano-no-universo.html >



Nenhum comentário:

Postar um comentário