Fórum I - Antropologia Filosófica
Quais as semelhanças e diferenças entre a concepção do homem na antiguidade greco-romana e na época medieval?
A concepção sobre o homem na
Filosofia Greco-Romana
Os primeiros pensadores da Grécia
Antiga, Heráclito, Parmênides, Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles,
passaram a refletir sobre a condição humana para além das alegorias e fábulas
metafóricas do período mítico.
Remontando a esses pensadores, embora
não se tratasse, especificamente, de uma verdadeira Antropologia Filosófica,
todos esses filósofos refletiram, a partir de suas concepções teóricas, sobre os
indivíduos, sua essência, sobre o que os tornariam, de fato, humanos. Logo,
esboçaram o esteio do que viria a ser a Antropologia Filosófica contemporânea.
Com o surgimento das pólis e a
agitação cultural da época, as reflexões sobre a concepção humana foram se
desenvolvendo junto às cidades, culminando na concepção naturalista sobre o
homem no período Greco-romano.
Na fase pré-socrática, de cunho
efetivamente naturalista, os filósofos especulavam sobre a natureza do homem,
tornando-o “a medida de todas as coisas”, para citar o sofista Protágoras.
Por sua vez, Heráclito e
Parmênides debruçaram-se, tais quais os pensadores de seu tempo, sobre a
natureza das coisas, elevando o homem sobre os demais seres vivos, dotando-o da
capacidade primordial de apreensão da realidade.
Pitágoras, precursor da escola
filosófica que leva seu nome, defendia a pré-existência de uma alma imortal com
relação ao corpo. Nessa dualidade, por um lado a alma recebe status divino,
enquanto o corpo, o de degradado pela corrupção natural.
Em Sócrates, a concepção sobre o
homem passa a refletir sua capacidade de conhecer-se a si mesmo, de raciocinar
sobre as próprias verdades e a verdade do mundo, a partir da interlocução
interrogativa com seus pares e o meio, incentivando a dúvida sobre as certezas,
até então, aceitas tacitamente.
Com Platão, parte da concepção
dualista de Pitágoras é retomada, instrumentalizando o corpo em favor da alma.
Tal como Pitágoras, defendia a pré-existência e a imortalidade da alma. Podemos
entender, em Platão, a concepção humana através do Mito da Caverna, onde
descreve a metáfora de um prisioneiro absorto no mundo sensível e que, mediante
reflexão e certa dor, supera a condição de prisioneiro em busca da verdade.
Já com Aristóteles, a concepção
sobre o homem pode ser entendida através do conceito de ato e potência. Nela,
defende que todo ser possui uma substância onde coexistem matéria e forma,
potência e ato. Assim, Aristóteles
refuta o dualismo platônico ao defender que alma e corpo não podem existir
separadamente, mas que coexistem na substância, sendo a potência humana sua
essência, e a existência, a potência atualizada em ato.
Com isso, podemos observar que a
característica predominante da concepção humana no período Grego, a partir do
pensamento de seus principais filósofos, consiste em focar no homem, no
exercício de desvendar sua natureza, composição, estrutura e estar no mundo.
Analisando sua constituição, os gregos singularizaram o homem, tornando-o único
entre os seres vivos.
Já no período denominado Helenista,
em razão das próprias condições culturais e sociais pelas quais passavam as
cidades da região, a especulação sobre a natureza do homem perde espaço para a
análise das experiências humanas, nas elucubrações sobre o seu comportamento e
o seu modo de estar, praticamente, no mundo.
Nessa fase de transição entre a
Filosofia Antiga e Medieval, correntes filosóficas também se propuseram a
pensar a concepção humana, tais como o Hedonismo (o homem deve buscar o
prazer), o Estoicismo (o homem deve se resignar e controlar seus impulsos) e o
Neoplatonismo (cabe ao homem mergulhar na meditação filosófica para superar a
imperfeição).
Após esse período de transição, o
cristianismo ganha força, desviando as especulações da concepção humana
antropocêntrica para teocêntrica, onde o homem passa a ser medido e pensado
pela figura divina e não mais por sua natureza.
A concepção sobre o homem no
Período Medieval
No assim chamado Período
Medieval, sob influência do neoplatonismo, os seus principais pensadores
procuraram aliar elementos da Filosofia Greco-romana à ética cristã.
Era preciso adaptar os preceitos
cristãos de revelação divina aos elementos filosóficos dos períodos que
antecederam o Medievo. Para isso, a concepção do homem na Idade Média contou,
sobretudo, com Santo Agostinho e Santo Thomas de Aquino.
Com influência platônica e
neoplatônica, para Santo Agostinho, o homem é a imagem de Deus e é a partir do
conhecimento que o homem tem sobre si mesmo, que pode chegar à divindade. Para
isso, ele precisa conhecer-se interiormente, de maneira a alcançar a graça
divina.
Já Thomas de Aquino fundamenta
sua filosofia em Aristóteles, em detrimento aos preceitos platônicos. Por isso
defende a unidade das formas e a sujeição da alma vegetativa e sensível à alma
racional. Com isso, Thomas de Aquino busca ampliar o poder da fé sobre a razão.
Desta maneira, se na Filosofia
Greco-romana a concepção sobre o homem é antropológica, voltada para o estudo
de sua natureza e constituição, no Período Medieval essa concepção torna-se
teocêntrica, onde o homem deixa de ser a medida de todas as coisas para
tornar-se presa dos mandamentos divinos.
Natachy Petrini
FONTE DE CONSULTA:
ACHA, Juan Antonio; PIVA, Sérgio
Ibanor. Antropologia
Filosófica. Batatais: Claretiano, 2012 CRC da Disciplina.
FERNANDES, Vicente Sérgio Brasil.
Período Greco Romano no Mundo Medieval. Disponível em: < http://olhar-filosofico.blogspot.com.br/2012/03/periodo-greco-romano-no-universo.html
>
OLIVEIRA, Fabiano Viana. Notas de
Aula – Antropologia Filosófica. Disponível em: < http://olhar-filosofico.blogspot.com.br/2012/03/periodo-greco-romano-no-universo.html
>
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