sexta-feira, 3 de maio de 2013

Filosofia Contemporânea - Kant

1) Quais sãos os aspectos presentes na filosofia kantiana que mais se relacionam com o Iluminismo?

O Iluminismo pode ser sintetizado como um movimento que pretendia, a partir da razão, lançar suas luzes sobre a humanidade. Assim, seus pensadores defendiam que o progresso intelectual, material e moral, dependeriam do exercício da razão, de maneira a libertar os homens de suas prisões dogmáticas.

Assim, podemos associar a filosofia kantiana ao mesmo movimento que pretendia dar cabo das respostas que permitiriam o progresso seguro da ciência: o questionamento sobre a origem e limites do conhecimento. Logo, se o Iluminismo propunha-se a conceber o mundo a partir da razão, Kant pretendia legitimar seus limites, construindo um sistema que permitisse responder, de maneira segura, o que nos seria possível saber, fazer e esperar. 

Portanto, na mesma corrente iluminista, Kant tinha a confiança de que a partir da razão, o homem poderia discutir e compreender todos os problemas que lhe fossem propostos, conquistando, assim, a verdadeira autonomia.

2) Por que Kant considera que realizou uma revolução comparável à efetuada por Nicolau Copérnico?

De fato, Kant foi o precursor de uma revolução equivalente a de Copérnico na Astronomia, ao propor a distinção entre o mundo fenomênico e o mundo noumênico. 

Como panorama histórico, vale lembrar que Kant viveu em uma época em que havia duas correntes filosóficas, contrárias e dominantes, que pensavam o mundo: a dos racionalistas e a dos empiristas. Assim, superando essa dicotomia filosófica entre as duas correntes, Kant revolucionou a concepção sobre o conhecimento humano, a partir da reavaliação de todos os conceitos que o precederam.

A partir dessa reavaliação, Kant determinou que a metafísica não era objeto das discussões científicas e, a partir de suas Críticas (sobretudo, da Crítica da Razão Pura e Crítica da Razão Prática), revolucionou o entendimento sobre a relação entre sujeito e objeto.

Na Crítica da Razão Pura, Kant realiza a análise dos juízos (relação entre os conceitos pensados), classificando-os em três tipos: 

Juízo Analítico/A priori: relação onde o predicado é subentendido a partir da análise do sujeito, como se já estivesse contido nele. Neste juízo, não existe necessidade de comprovação experimental e o predicado nada acrescenta ao sujeito. É um juízo universal e necessário. Exemplo: "O sangue é vermelho" (no exemplo, o predicado vermelho nada acrescenta à idéia que temos sobre o sangue, pois sabemos, de maneira universal e necessária, que todo sangue é vermelho; também não precisamos nos cortar para ter a garantia da afirmação). Logo, subentende-se que seja um juízo com conceito semelhante às idéias racionalistas.

Juízo Sintético /A posteriori: relação onde o predicado agrega informação ao sujeito, pois não pode ser simplesmente extraído do sujeito. Não há universalidade, nem necessidade nessa relação e ela exige experimento. Exemplo: "O sangue estava contaminado" (no exemplo, o predicado acrescenta informação à idéia que temos sobre o sangue; estar contaminado, não é uma regra universal, nem necessária, a todos os sangues que porventura sejam analisados; a afirmação exige constatação empírica para tornar-se válida). Logo, subentende-se que seja um juízo com conceito semelhante às idéias dos empiristas.

Juízo Sintético a Priori: aqui trata-se da revolução kantiana, pois atrela os dois juízos anteriores, conciliando-os na concepção sobre o entendimento do mundo. Para o filósofo, é este juízo que deve determinar as especulações científicas, pois alia universalidade e necessidade, à nossa capacidade de sintetizar informações vindas da sensibilidade.

Ou seja, a revolução kantiana altera completamente a maneira de pensar a relação entre objeto e sujeito: se antes, o conhecimento era regulado pelos objetos, com o Juízo sintético a priori, os objetos passam a ser regulados pelo nosso conhecimento. Isso quer dizer que Kant revoluciona a Lógica Tradicional, ao afirmar que o sujeito não pode ter acesso à coisa em-si, mas somente à maneira como essa coisa se apresenta a ele, de acordo com suas cognições sensíveis e intelectivas.

É a partir dessa revolução na relação entre sujeito e objeto, que posteriormente Kant vai investigar e determinar a divisão do conhecimento entre sensibilidade (capacidade de sermos afetados pelos objetos) e pensamento (capacidade do entendimento em produzir representações a partir dos dados obtidos com a sensibilidade).

Logo, Kant tinha razão quando comparava sua teoria à revolução de Copérnico: o astrônomo decretou uma nova visão geocêntrica, onde a Terra deixava de ser o centro imóvel do universo, para colocá-la em movimento, orbitando o Sol; da mesma maneira, Kant remove os objetos do centro de nossa percepção, e no lugar deles, coloca o sujeito e as relações que ele estabelece, pela sensibilidade e pelo pensamento, com tais objetos para a produção de conhecimento.

3) Qual é a grande novidade da proposta ética kantiana?

Se na Crítica da Razão Pura, Kant procurou delinear os novos contornos sobre o conhecimento, na Crítica da Razão Prática, ele determinou como este conhecimento pode ser utilizado para a vida moral.

Para isso, definiu as máximas morais (válidas apenas para a vontade do sujeito, para determinados propósitos) e as leis morais (objetivas e válidas para qualquer vontade racional).

As leis morais, de cunho universal a todos os homens, foram postuladas por Kant a partir de seus imperativos: hipotético (visam a um determinado fim, como se a obediência humana a eles objetivasse, apenas, alcançar determinada meta) e o categórico (lei universal de conduta, independentemente da vontade do sujeito ou do fim que ele pretende alcançar).

Assim, a grande novidade da ética kantiana, consiste em determinar as leis morais a partir de seus imperativos, concebendo uma doutrina moral que não se submete mais aos dogmas metafísicos, mas que é racional. Não se deve trair a esposa porque vai contra o mandamento divino, e sim porque trair a esposa não pode ser uma regra universal. Se não é prudente, nem saudável, que todos os maridos traiam suas esposas, então trair a esposa não pode ser considerada uma ação moral. 

Logo, a principal novidade consiste em universalizar a regra moral: só posso agir de determinada maneira, se eu considerar correto que, universalmente, todos ajam da mesma maneira. Trata-se, portanto, de uma regra moral racional, desvinculada de medos metafísicos e, sobretudo, desvinculada do resultado que pretende-se alcançar: age-se moralmente porque é o correto a ser feito, e não por medo de qualquer punição. 

4) Poderíamos dizer que, ao nos submetermos aos imperativos éticos kantianos, perderíamos nossa liberdade?

Depende do que entendemos sobre liberdade. Para Kant, é livre o homem que não é vítima de seus impulsos, de suas vontades instáveis. E para não sermos vítimas de tais paixões, o imperativo categórico nos libertaria, pois estaríamos pautados a partir de ações "boas em si mesmas", e não boas apenas para um fim determinado. Neste sentido, os imperativos categóricos nos tornariam livres, pois deixaríamos de ser presas de nossos quereres.

Logo, os imperativos poderiam ser entendidos como submissão voluntária, pelo gosto do puro dever, o que não significaria, em tese, perda da liberdade. Ao contrário, proporcionaria a libertação humana ao nos tornar autônomos de nossos interesses particulares, sem qualquer objetivo específico, que não a universalidade das condutas entre os indivíduos. 

Nietzsche, ao contrário, considerou tais imperativos como afrontas à capacidade humana de superar-se, de ir além das regras morais que tolhem o potencial humano, uma obediência cega e irracional à tradição, que nele provoca risos:

"E agora não me fale de imperativo categórico, meu amigo! - esse termo faz cócegas em meus ouvidos, e tenho que rir, apesar de tua presença tão grave: em face dele, eu penso no velho Kant, que, como castigo por ter deixado escapar "a coisa em si" - também uma coisa muito ridícula! -, foi colhido pelo "imperativo categórico", e com ele retornou de novo, de coração e por engano, para "Deus", "alma", "liberdade" e "imortalidade", igual a uma raposa que retornou por engano à sua jaula: - e tinham sido sua força e inteligência que haviam arrombado a jaula! - Como? Admiras o imperativo categórico em ti? Essa "solidez" do teu chamado juízo moral? Essa "incondicionalidade" do sentimento: "assim como eu, todos deveriam julgar assim a respeito disso"? Admira antes teu próprio egoísmo nisso! E a cegueira, a pequenez e a falta de exigência de teu egoísmo! A saber, o egoísmo é sentir seu juízo como lei universal; e, de novo, um egoísmo cego, pequeno e não exigente, pois ele denuncia que tu mesmo ainda não te descobriste, ainda não criaste, para ti mesmo, nenhum Si-Próprio, um ideal ipssímo: - este, com efeito, jamais poderia ser o ideal de um outro, quanto mais então de todos, de todos! (Nietzsche, apud Giacóia Junior, p. 25 e 26). 

Assim, podemos entender que o imperativo categórico, por um lado, proporcionaria liberdade ao indivíduo, que permaneceria ileso diante de suas paixões e impulsos, se auto-imputando uma moral universal, de acordo com o dever e não com a vontade.

Por outro lado, podemos entender tal imperativo como tolhedor da liberdade alheia, onde o ideal de certos membros da sociedade, por assim considerarem correto, tornar-se-ia o ideal de todos, de maneira unânime, tornando todos reféns, e não libertos, de uma moral que assola e exige dos indivíduos, o ideal ascético da sujeição consentida e resignada.

Portanto, para responder a essa questão, precisaríamos ter pré-definido o ideal de liberdade, diverso em cada indivíduo.

Posicionamento crítico: 

1. Imposição de limites à Metafísica

Kant limita a Metafísica ao descredenciá-la como objeto de especulação científica. No caso de Deus, por exemplo: se cabe à sensibilidade a capacidade de sermos afetados pelos objetos e se essa afetação depende de os objetos estarem situados no espaço e no tempo, não há como especular, cientificamente, sobre sua existência - pois imagina-se que este ente mítico esteja "além" de qualquer definição espaço-temporal.

Logo, entendo que Kant não refutou a metafísica, que cumpre seu papel ao especular sobre o mundo. Mas deixou de atribuir-lhe validação científica, propondo que ao homem não cabe investigar os objetos que estejam foram de seu alcance, como o caso de Deus ou qualquer outra questão não reconhecível pela sensibilidade.

Portanto, se segundo Aristóteles, a metafísica é "uma ciência que investiga o ser como ser e as propriedades que lhe são inerentes devido à sua própria natureza" (2006), e se Kant refuta em seu sistema filosófico a possibilidade de o sujeito conhecer a coisa em si, mas apenas como ela se apresenta ao sujeito a partir da sensibilidade e do pensamento, podemos concluir que a Metafísica tenha sido limitada pelo pensador alemão, ao menos enquanto possibilidade científica de investigação do mundo.

2. Possibilidade da ética kantiana para a ação humana

Em um primeiro momento, parece óbvio afirmar a perfeição de uma sociedade em que só poderíamos tomar decisões/ações que consideraríamos aceitáveis universalmente, de modo que, se todos agíssemos desta maneira, teríamos um mundo mais justo e de ações mais harmoniosas entre os seus sujeitos. Além disso, a moralidade proposta por Kant, parece antever os anseios modernos para as relações humanas:

"A dignidade da pessoa decorre, para Kant, da liberdade e da autonomia, enquanto capacidade ou poder legislador, visando a autorrealização da humanidade em todas as suas disposições naturais (...). A filosofia prática de Kant conserva hoje toda a sua atualidade e fecundidade porque dá às noções de dignidade e de pessoa uma conteúdo axiológico plenamente convergente com os requisitos da modernidade ético-jurídico-política, enquanto era do desencantamento do mundo". (GIACÓIA JUNIOR, p. 22 e 23).

Contudo, penso que não seja possível, à humanidade, agir de acordo com o imperativo categórico kantiano, uma vez que somos animais, que apesar da razão, agimos de acordo com nossas paixões e impulsos.

Não há como desatrelar nossos interesses particulares das decisões que tomamos, uma vez que procuramos a sobrevivência, à parte de qualquer imperativo moral social.

Todos agimos de acordo com nossas conveniências e necessidades, sem que isso, ao meu modo de ver, possa ser considerado um ato imoral. A moralidade, apesar do que propõe Kant, não pode ser considerada universal, pois não são universais os interesses e necessidades humanas. Há que se considerar a cultura, o meio e a sobrevivência.

Por exemplo: podemos considerar a regra "não matar", como um imperativo categórico. Entendemos todos, enquanto sujeitos racionais, que a prática do assassinato deva ser condenada por ser moralmente inaceitável.

Contudo, há tribos à margem deste consenso sobre a morte, em que crianças que nascem abaixo do peso ou com qualquer outra deficiência física, são sacrificadas em nome da sobrevivência do grupo: crianças que nascem com problemas físicos demandariam cuidados especiais de determinadas tribos, colocando em risco os sujeitos saudáveis, que passariam a vida defendendo o sujeito mais fraco.

Para nós, ocidentais e em processo de inclusão social, parece-nos absurda a idéia de sacrificar uma criança surda, por exemplo. Mas este código moral cabe apenas a nós, sujeitos ocidentais, criados a partir deste determinado código. Como exigir que tribos isoladas, com outra cultura e modos de sobrevivência, ajam de acordo com este nosso imperativo?

Portanto, embora eu acredite que o imperativo categórico (o dever pelo dever e não de acordo com necessidades específicas) pudesse ser colocado em prática e que isso talvez fizesse do mundo um lugar mais harmonioso, penso também que tal ação, homogênea e pautada exclusivamente pelo dever, à parte de nossos impulsos, além de muito pouco provável, tornaria, a nós todos, sujeitos mecanizados, onde a cultura e os interesses particulares não seriam levados em consideração. Um mundo, como disse, muito pouco provável e, em sendo possível, insosso, homogêneo, cristalizado. Um mundo assujeitador de sujeitos arrebanhados, estáticos, obedientes e pouco críticos. Um mundo do qual eu não gostaria de fazer parte.

FONTES DE CONSULTA:

KRASTOV, Stefan Vassilev; CRESPO, Luís Fernando; BOTELHO, Osmair Severino. CRC História da Filosofia Contemporânea I, CEUCLAR.

JUNIOR, Oswaldo Giacoia. Nietzsche X Kant: Uma Disputa Permanente a Respeito de Liberdade, Autonomia e Dever. São Paulo: Casa da Palavra, 2012.

ARISTÓTELES. Metafísica. Coleção Os Pensadores, Volume I. São Paulo: Nova Cultural, 1985.

ADAMS, Adair; MATOS, Edegar Soares de. Aspectos de uma Metafísica em Kant. Disponível em: < http://www.artigocientifico.com.br/uploads/artc_1302033289_12.pdf >. Acesso em 28 abril 2013.

DESTÁCIO, Mauro Celso. Imperativo Categórico. Disponível em: < www.eca.usp.br/nucleos/filocom/mauro.doc >. Acesso em 28 abril 2013.

Melhor representante do Iluminismo




No século XVIII, o Iluminismo despontou como um dos maiores movimentos culturais da História, com a pretensão de, a partir da razão, lançar suas luzes sobre a humanidade. 

Os pensadores que estruturaram conceitualmente o Iluminismo, acreditavam que o progresso material, intelectual e moral do homem só seria possível através do exercício racional do modo de pensar o mundo, libertando-o dos dogmas da herança Medieval.

Vale lembrar que o Período Medieval, que precedeu o Iluminismo, foi marcado por um forte cunho religioso e de governo monárquico baseado na predestinação sobrenatural, em que os reis exerciam o poder, amparados por uma escolha divina, razão pela qual se auto-proclamavam no direito de sobrepujar aos seus governados.

Já o movimento das Luzes, tendo como premissa ser a razão a única ferramenta capaz de permitir a compreensão sobre o mundo, caracterizou-se como o eco dos anseios burgueses por deslocamento social e tomada de poder das mãos tirânicas, se expandindo por toda a Europa, sobretudo na Inglaterra, França e Alemanha.

Assim, cada um destes países vinculou-se ao Iluminismo a partir de características específicas, ainda que sempre atrelados aos principais conceitos propostos pelas Luzes, sendo eles:

*Primado da razão face ao obscuro Período Medieval;
*Resgate da humanidade de suas irracionais superstições;
*Defesa dos direitos naturais dos homens, contra a opressão monárquica;
*Luta contra qualquer tipo de tirania absoluta;
*Negação da metafísica;
*Defesa do deísmo em contraposição às religiões positivas;
*Afirmação da ciência como base do conhecimento.

Realizado este breve apanhado histórico, poderemos analisar, dentre os pensadores do Iluminismo, qual deles mais reflete os ideais do período: Voltaire. Partindo dos três principais pilares do Iluminismo (revolução religiosa, política e moral/metafísica), vamos atrelá-los às idéias de Voltaire.

Considerado como um dos maiores iluministas, François Marie Arouet, verdadeiro nome do pseudônimo Voltaire, sob forte influência do Iluminismo inglês, coadunou as principais características das Luzes, o que levou, por essa razão, a ser preso inúmeras vezes, ter seus livros queimados em praça pública e a viver em constante fuga das ameaças de prisão e morte.

A primeira característica que acreditamos fazer de Voltaire o mais expressivo dos iluministas, relaciona-se com suas reflexões sobre a fé. O Iluminismo não foi um movimento ateu, pois a maioria de seus pensadores eram deístas, assim como Voltaire. Crendo na chamada Religião Natural, Voltaire dialogou com este que é um dos pilares do Iluminismo: não se destrona a figura divina, mas se deixa de creditar-lhe poderes de interferência sobre a vida humana, já que a concepção deísta acreditava na existência de um poder sobrenatural de criação do mundo, embora defendesse que tal poder não interviesse no destino dos homens, tampouco ouvisse suas preces e desejos. 

Assim, Voltaire não critica a religião em si, mas as superstições infundadas que tolhem a potência humana. Com isso, postulava uma vida baseada na razão, na racionalização das experiências, outorgando ao homem os deveres e direitos mitigados pelo Período Medieval, a liberdade de escolha, indo de encontro à luta iluminista contra os dogmas religiosos, libertando o homem de suas prisões metafísicas. 

Além disso, Voltaire era um exímio escritor, utilizando seus panfletos e livros para a divulgação dos ideais iluministas de insurgência contra o poder monárquico. Não que fosse contra a monarquia, mas por ter tido acesso ao modelo monárquico inglês, Voltaire defendia um despotismo aberto, sem arbitrariedade, um poder esclarecido aos seus governados, que permitisse-lhes a liberdade de expressão (ainda que não a liberdade política).

Acreditando que coubesse ao rei um preparo filosófico para a condução dos homens à felicidade, o pensador francês idealizava uma monarquia amparada pela razão, não submetida às ordens religiosas.

Por fim, Voltaire se expressa como autêntico iluminista ao questionar a subjetividade das crenças metafísicas, questionando as noções de destino, natureza humana, trabalho, felicidade. Para o pensador, assim como para os demais iluministas, não haveria razão suficiente para justificar as crenças metafísicas, nem o homem condições para especular com segurança sobre o poder divino e a realidade transcendente, devendo centrar-se nas questões reais, ao alcance real dos homens, para que pudessem, mediante a razão, transformá-las.

Desta maneira, podemos entender que Voltaire, se não foi o maior iluminista, ao menos defendeu posicionamentos que expressaram claramente os maiores preceitos do Iluminismo: tolerância religiosa (ainda que fosse deísta), o exercício do poder mediante uso da razão, com esteio filosófico e sem arbitrariedades (embora não fosse contra a monarquia) e crítica à metafísica especulativa vazia, sem amparo racional (embora também filosofasse sobre assuntos caros à chamada metafísica).

Portanto, atendendo à solicitação do Fórum, podemos entender as contribuições de Voltaire da seguinte maneira:

Contribuição na educação: Com Voltaire, o sujeito torna-se histórico, uma vez que o pensador ressalta a importância do conhecimento dos fatos históricos para o desenvolvimento do aluno. Este preceito visava ao maior objetivo de Voltaire: a luta contra o fanatismo e a intolerância, premissas indispensáveis para o livre exercício da razão.

Contribuição Política: Voltaire contribuiu para a política francesa ao defender que a Igreja não deveria intervir nos aspectos políticos, de maneira a não legitimar apenas uma pequena parcela dos interesses da sociedade. Combatia o obscurantismo do absolutismo, defendendo que caberia ao rei um preparo filosófico para o comando do povo. Além disso, uma política livre da opressão religiosa, possibilitaria o livre mercado e o livre desenvolvimento intelectual, de acordo com o talento e propensão próprios a cada indivíduo, levando à prosperidade econômica.

Contribuição Científica: Surpreendido com a física de Newton, Voltaire foi o seu maior propagador. Movido por esse interesse, Voltaire comparava as leis da física proposta por Newton com a imagem do Deus escolástico, corroborando na negação dos dogmas cristãos, mediante o conhecimento físico da natureza.

Natachy Petrini

FONTE DE CONSULTA:

KRASTANOV, Stefan Vassilev; CRESPO, Luís Fernando; BOTELHO, Osmair Severino. CRC História da Filosofia Contemporânea I, CEUCLAR.

SILVA, Rafael da. Iluminismo. Disponível em: < http://www.ebah.com.br/content/ABAAAenTIAE/iluminismo >. Acesso em 11 Março 2013.

GONZÁLEZ, Ethiel Omar Cartes. O Iluminismo Francês. Disponível em: < http://www.freemasons-freemasonry.com/Iluminismo_Francés.html >. Acesso em 09 Março 2013.

O Iluminismo. Disponível em: < http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/iluminismo.htm >. Acesso em 09 Março 2013.

A Importância do Iluminismo Francês. Disponível em: < http://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/a-importancia-do-iluminismo-frances-.htm >. Acesso em 09 Março 2013.

PEREIRA, João Paulo Rodrigues. A Existência de Deus na Perspectiva de Voltaire. Disponível em: < http://pensamentoextemporaneo.wordpress.com/2010/05/29/a-existencia-de-deus-na-perspectiva-de-voltaire/ >. Acesso em 09 Março 2013.

Filosofia da Mente

Fórum I Filosofia da Mente

1) Quais os argumentos utilizados para combater o dualismo antropológico e o monismo naturalista e compreender o homem como uma "unidade indissolúvel, um ser que não pode caber em nenhum reducionismo"?

Para combater as ideias fragmentadas sobre a natureza humana, a Antropologia Filosófica procura unificar as dimensões constitutivas do indivíduo, entendendo-o como um ser de unidade, integral. 

No dualismo antropológico, corrente filosófica de projeção no século XVIII, o homem é visto como um ser constituído por duas dimensões separadas (corpo e alma), irredutíveis entre si, tendo a alma supremacia sobre o corpo físico, que é mortal e se degenera. Essa visão que distingue corpo e alma remete aos pitagóricos e recebeu esteio,sobretudo, da filosofia platônica e cartesiana. 

Já o monismo naturalista, corrente filosófica que refuta a constituição humana como sendo a de princípios distintos, defende haver uma substância única no indivíduo, e prevê que corpo e alma são partes integrantes e reduzidas, no homem, de um mesmo princípio fundamental. 

Dito isto, podemos entender que tanto o dualismo quanto o monismo, restringiram a compreensão sobre o homem, considerando apenas recortes sobre sua realidade e dimensão. Tais concepções, desenvolvidas sob diferentes aspectos e por vários autores, criaram uma visão bricolada de homem, que desarticulado em sua composição, mais se parece a uma colcha de retalhos solúvel, do que a um ser complexo, que embora plural, mantém uma característica singularmente humana.

Assim, o principal argumento que procura combater tais visões sobre o homem, é o que defende sua espiritualidade - onde, é importante ressaltar, o termo "espírito" não recebe designação religiosa, mas sim uma certa capacidade de transcender aos meros conceitos físicos e mentais das correntes filosóficas que antecederam tal conceito.

Portanto, a idéia de espírito prega a liberdade humana em não submeter-se às amarras físicas e às de seus impulsos e desejos, permitindo ao homem transitar por tais circunstâncias, de maneira transcendente, tornando-o sujeito do mundo, e não mais a ele sujeitado.

A Antropologia Filosófica entende, portanto, como sendo o espírito, a dimensão que faz do homem um sujeito, que não o reduz a uma máquina biológica/ou corporal/ou mental, mas, ao contrário, atrela, a partir dele, todas essas esferas, unificando-o, hominizando-o. 

Assim, o homem passa a diferir-se dos demais organismos vivos, não mais por sua condição física ou de raciocínio. Mas porque transcende o meio e suas necessidades, tornando-se um "eu", uma nova realidade repleta de significados. Não deixa de ser um animal, mas não fica reduzido a ele. 

Não deixa de possuir instintos, mas os domina, de maneira individualizada, para satisfazer suas necessidades. Configura-se, assim, como um ser integrante da natureza, mas ao mesmo tempo, dela apartado em razão das condições que somente a ele são próprias. 

Ou seja, o homem, enquanto animal passível de evolução biológica, também sente fome e dor, tal quais os outros animais. Mas de acordo com a concepção da Antropologia Filosófica, é o único ser capaz de dar sentido a essas necessidades, indo além dos simples atos de comer e medicar-se, mas, sobretudo, também o de refletir sobre sua condição, convertendo-se no objeto de sua própria reflexão e análise, conferindo-lhe uma identidade. 

Portanto, para entender o homem como um sujeito integral, composto por suas diversas dimensões (psicológica, biológica, física e espiritual), a Antropologia Filosófica investiga uma unidade universal entre os homens, algo que os tornem únicos, homens e não apenas animais.

2) De que forma a cultura e a sociedade estão relacionadas ao processo de constituição do homem?

Apesar desta unidade intrínseca ao ser humano, o indivíduo não nasce pronto, mas vai estabelecendo, ao longo de sua vida, relações de afeto, compreensão e significado com o mundo que o rodeia. Desta maneira, a forma como o homem é acolhido e se desenvolve na sociedade na qual está incluído, interfere diretamente em seu processo de constituição enquanto sujeito. 

Com características sociais, embasadas no próprio processo de evolução, o homem mantém-se, durante toda a sua vida, dependente do relacionamento com o outro. Sendo um mamífero frágil, que requer cuidados maternos especiais por um longo período, o homem projeta essa condição de fragilidade em todas as etapas de seu desenvolvimento, mesmo quando adulto. Se nos primeiros anos de vida sua segurança depende da mãe, na vida adulta, o mamífero homem, distinto dos demais animais, passa a depender de suas relações sociais e culturais. 

Neste processo de construção do Eu, influem sobre o sujeito o amor que recebe e oferta aos seus pares, a educação que recebe para o desenvolvimento de sua personalidade e as sensações que absorvem do mundo físico. Ou seja, a constituição do sujeito depende de suas dimensões: a biológica (mapa genético, capacidade de adaptação física a aspectos geográficos, hereditariedade etc.), a psicológica (problematização do sujeito, interpretação das sensações advindas do contato empírico com a realidade) e espiritual (processo de abstração do sujeito, significação da realidade temporal etc.).

No entanto, apesar de todos os homens interagirem e se formarem mediante as mesmas dimensões, cada homem se constitui de uma maneira diferente, de acordo com a cultura e sociedade no qual está inserido.

Assim, o homem torna-se, ao mesmo tempo, causa e objeto da cultura e sociedade em que vive, onde exerce sobre elas seu poder de criação, ao passo que, de igual maneira, sofre também as influências do que criou. Se ao homem cabe desenvolver suas potencialidades humanas, parte significativa deste desenvolvimento é atrelada ao meio em que vive, singularizando cada homem, de acordo com a moldura cultural que recebeu.

Portanto, embora haja uma unidade universal entre os humanos, cada ser possui sua singularidade, que é construída de acordo com o seu meio. Esta condição torna cada indivíduo único, agente e objeto de sua sociedade e cultura, subjetivando os conceitos de moral, legalidade, afeto e modo de estar no mundo. Por isso, ao passo que a constituição do homem é formada de acordo com a sociedade da qual faz parte, esta sociedade, sob a influência deste ser social e cultural, é também por ele modificada, cumprindo a simbiose entre sujeito e sociedade, em uma relação recíproca e interdependente. 

Natachy Petrini


FONTE DE CONSULTA:
ACHA, Juan Antonio; PIVA, Sérgio Ibanor. Antropologia Filosófica. Batatais: Claretiano, 2012 CRC da Disciplina.

Diferenças entre a concepção do homem greco romano e medieval


Fórum I - Antropologia Filosófica

Quais as semelhanças e diferenças entre a concepção do homem na antiguidade greco-romana e na época medieval?



A concepção sobre o homem na Filosofia Greco-Romana
Os primeiros pensadores da Grécia Antiga, Heráclito, Parmênides, Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles, passaram a refletir sobre a condição humana para além das alegorias e fábulas metafóricas do período mítico.

Remontando a esses pensadores, embora não se tratasse, especificamente, de uma verdadeira Antropologia Filosófica, todos esses filósofos refletiram, a partir de suas concepções teóricas, sobre os indivíduos, sua essência, sobre o que os tornariam, de fato, humanos. Logo, esboçaram o esteio do que viria a ser a Antropologia Filosófica contemporânea.

Com o surgimento das pólis e a agitação cultural da época, as reflexões sobre a concepção humana foram se desenvolvendo junto às cidades, culminando na concepção naturalista sobre o homem no período Greco-romano.

Na fase pré-socrática, de cunho efetivamente naturalista, os filósofos especulavam sobre a natureza do homem, tornando-o “a medida de todas as coisas”, para citar o sofista Protágoras.
Por sua vez, Heráclito e Parmênides debruçaram-se, tais quais os pensadores de seu tempo, sobre a natureza das coisas, elevando o homem sobre os demais seres vivos, dotando-o da capacidade primordial de apreensão da realidade.

Pitágoras, precursor da escola filosófica que leva seu nome, defendia a pré-existência de uma alma imortal com relação ao corpo. Nessa dualidade, por um lado a alma recebe status divino, enquanto o corpo, o de degradado pela corrupção natural.

Em Sócrates, a concepção sobre o homem passa a refletir sua capacidade de conhecer-se a si mesmo, de raciocinar sobre as próprias verdades e a verdade do mundo, a partir da interlocução interrogativa com seus pares e o meio, incentivando a dúvida sobre as certezas, até então, aceitas tacitamente.
Com Platão, parte da concepção dualista de Pitágoras é retomada, instrumentalizando o corpo em favor da alma. Tal como Pitágoras, defendia a pré-existência e a imortalidade da alma. Podemos entender, em Platão, a concepção humana através do Mito da Caverna, onde descreve a metáfora de um prisioneiro absorto no mundo sensível e que, mediante reflexão e certa dor, supera a condição de prisioneiro em busca da verdade.

Já com Aristóteles, a concepção sobre o homem pode ser entendida através do conceito de ato e potência. Nela, defende que todo ser possui uma substância onde coexistem matéria e forma, potência e ato.  Assim, Aristóteles refuta o dualismo platônico ao defender que alma e corpo não podem existir separadamente, mas que coexistem na substância, sendo a potência humana sua essência, e a existência, a potência atualizada em ato.

Com isso, podemos observar que a característica predominante da concepção humana no período Grego, a partir do pensamento de seus principais filósofos, consiste em focar no homem, no exercício de desvendar sua natureza, composição, estrutura e estar no mundo. Analisando sua constituição, os gregos singularizaram o homem, tornando-o único entre os seres vivos.

Já no período denominado Helenista, em razão das próprias condições culturais e sociais pelas quais passavam as cidades da região, a especulação sobre a natureza do homem perde espaço para a análise das experiências humanas, nas elucubrações sobre o seu comportamento e o seu modo de estar, praticamente, no mundo.

Nessa fase de transição entre a Filosofia Antiga e Medieval, correntes filosóficas também se propuseram a pensar a concepção humana, tais como o Hedonismo (o homem deve buscar o prazer), o Estoicismo (o homem deve se resignar e controlar seus impulsos) e o Neoplatonismo (cabe ao homem mergulhar na meditação filosófica para superar a imperfeição).
Após esse período de transição, o cristianismo ganha força, desviando as especulações da concepção humana antropocêntrica para teocêntrica, onde o homem passa a ser medido e pensado pela figura divina e não mais por sua natureza.

A concepção sobre o homem no Período Medieval

No assim chamado Período Medieval, sob influência do neoplatonismo, os seus principais pensadores procuraram aliar elementos da Filosofia Greco-romana à ética cristã.

Era preciso adaptar os preceitos cristãos de revelação divina aos elementos filosóficos dos períodos que antecederam o Medievo. Para isso, a concepção do homem na Idade Média contou, sobretudo, com Santo Agostinho e Santo Thomas de Aquino.

Com influência platônica e neoplatônica, para Santo Agostinho, o homem é a imagem de Deus e é a partir do conhecimento que o homem tem sobre si mesmo, que pode chegar à divindade. Para isso, ele precisa conhecer-se interiormente, de maneira a alcançar a graça divina.

Já Thomas de Aquino fundamenta sua filosofia em Aristóteles, em detrimento aos preceitos platônicos. Por isso defende a unidade das formas e a sujeição da alma vegetativa e sensível à alma racional. Com isso, Thomas de Aquino busca ampliar o poder da fé sobre a razão.

Desta maneira, se na Filosofia Greco-romana a concepção sobre o homem é antropológica, voltada para o estudo de sua natureza e constituição, no Período Medieval essa concepção torna-se teocêntrica, onde o homem deixa de ser a medida de todas as coisas para tornar-se presa dos mandamentos divinos.

Natachy Petrini

FONTE DE CONSULTA:
ACHA, Juan Antonio; PIVA, Sérgio Ibanor. Antropologia Filosófica. Batatais: Claretiano, 2012 CRC da Disciplina.
FERNANDES, Vicente Sérgio Brasil. Período Greco Romano no Mundo Medieval. Disponível em: < http://olhar-filosofico.blogspot.com.br/2012/03/periodo-greco-romano-no-universo.html >
OLIVEIRA, Fabiano Viana. Notas de Aula – Antropologia Filosófica. Disponível em: < http://olhar-filosofico.blogspot.com.br/2012/03/periodo-greco-romano-no-universo.html >



sexta-feira, 25 de maio de 2012

PLANO DE AULA - FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DE FILOSOFIA


O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA CONSTRUÇÃO AUTÔNOMA DA IDENTIDADE HUMANA E SEUS DESDOBRAMENTOS SOCIETÁRIOS NA CONTEMPORANEIDADE.




Plano de aula requerido pela Prática da disciplina de Fundamentos e Métodos do Ensino da Filosofia, realizado como disciplina do curso de Filosofia EAD do CEUCLAR.
Prof. Tutor: Daniel Lipparelli Fernandes.



Nome do(s) aluno(s)
Natachy Petrini Meratti
Curso
Filosofia
Disciplina
Fundamentos e Métodos do Ensino da Filosofia
Professor responsável
Daniel Lipparelli Fernandez
Carga horária

Título do Projeto
O Papel da Educação na Construção Autônoma da Identidade Humana e seus Desdobramentos Societários na Contemporaneidade.
Série(s)
3ª Série(s) do Ensino Médio para as quais o Projeto de Prática está destinado.
Quantidade de horas/aula
06 horas/aula.
Data de início do Projeto
29/04/2012
Data de término do Projeto
24/05/2012




2. Fundamentação Teórica

Para a fundamentação teórica de seis aulas, sendo uma delas avaliação, a serem ministradas à 3ª série do Ensino Médio, serão utilizados os seguintes materiais:

2.1. Trechos do artigo O Futuro Ausente: Para a Crítica da Política e o Resgate da Emancipação Humana, de José Chasin

Para apresentar o pensamento de Chasin e a gênese política que o autor realiza no artigo para determinar os atuais tempos de crises, vou demonstrar como Chasin remontou historicamente a transição do período feudal para o Renascimento, bem como a utilização do esteio das teses políticas de Maquiavel e Hobbes, pensadores que, sob pontos de vistas diferentes, defendiam a mão forte do Estado para a regulamentação da convivência dos homens em sociedade (para Maquiavel porque os homens são essencialmente maus e a sociedade por eles formada é corrompida e Hobbes pelo instinto de sobrevivência do homem e o natural estado de guerra em que entram quando fora da sociedade civil). Para ilustrar esse “volteio histórico” como o próprio Chasin denomina, e com isso refletir posteriormente sobre a educação e o seu papel na construção da identidade autônoma do homem, farei um apanhado geral sobre o tema do artigo, através da leitura e interpretação de alguns de seus trechos. Artigo disponível em: http://www.verinotio.org/ofuturoausente.pdf. Seguem os trechos que serão lidos com os alunos:

  • Para a discussão sobre o tempo das crises e da identidade do homem contemporâneo em sociedade:

Trecho 01: “Não é o fim dos tempos, mas é o tempo das crises. Essas vem recebendo denominação variada e abundante. Desde algum tempo, é até mesmo lugar comum referir  crises de toda espécie - social, política, econômica, moral ou dos costumes, cultural ou das mentalidades, da arte e da ciência, do direito e do meio ambiente, e assim por diante, envolvendo o conjunto dos aspectos que compõem a vida atual. Conjunto minado, que também é aludido sinteticamente como a crise do nosso tempo.”

Trecho 02: “É, vale repetir, o influxo dos novos tempos que vai impelindo a figura da individualidade, mas sob roupagens tomadas de empréstimo ao passado”.

Trecho 03: “Em outros termos, não há sucesso e, em especial, sucesso permanente sem capacidade de adaptação às circunstâncias, sem esforço contínuo de ajustamento às eternas mutações da sorte”.

Trecho 04: “Detalhando um pouco a afiliação: a liberdade, na condição maquiaveliana de subproduto dos conflitos positivamente funcionalizados, evoca e remete prospectivamente à indeferível liberdade restrita de base limitada da ordem societária do capital maturado, na qual cada indivíduo é tolhido multiplamente pelas individualidades dos outros, em que a liberdade de  cada um é aviltada pela fronteira mesquinha da liberdade do outro; donde a implicação da má infinitude das exclusões mútuas ou permutadas, redundando dessa troca de proscrições a adstringência da liberdade àquilo que possa restar à individualidade em solidão, desterrada dos outros e abandonada a si mesma, quando o indivíduo real, prático, só pode ser padronizado pela ferocidade do isolamento, e, ao limite, a liberdade é dissolvida em má subjetividade, em interioridade impotente. Em suma, a liberdade maquiaveliana coabita o gênero da liberdade pobremente vivida e determinada contra, e não com o outro; todavia, dela se distingue pelo  número dos opostos: enquanto na plenitude societária do capital essa forma de iliberdade contrapõe, ideal e aparencialmente, individos isolados, Maquiavel considera e raciocina com congregados sociais em oposição.”

Trecho 05: “Confluindo, a nascente ordem do capital e o sistema heliocêntrico, ambos envolvendo decididamente o presente e impulsionando com vigor para o futuro, se conjugaram e potencializaram no movimento real e ideal que arrebatou do homem sua antiga condição privilegiada, o qual,  drasticamente desvalorizado, foi convertido em exilado no interior do universo infinito e em desterrado no interior do cosmos social pulverizado. Sozinho e depreciado - e depreciado porque sozinho - sem outro arrimo, lançou e foi coagido a lançar suas esperanças à conjunção abstrata dos homens na união imposta e ilusória do estado.”

·         Para a discussão sobre o papel da religião no assujeitamento do homem aos princípios do Estado:

Trecho 06: “Se a nossa religião nos recomenda hoje que sejamos fortes, é para resistir aos males, e não para nos incitar a grandes empreendimentos. Parece que esta moral nova tornou os homens mais fracos, entregando o mundo à  audácia dos celerados. Estes sabem que podem exercer sem medo a tirania, vendo os homens prontos a sofrer sem vingança todos os ultrajes, na esperança de conquistar o paraíso. Contudo, se os homens perderam a fibra, e os céus não impõem mais a guerra, estas transformações se originam na covardia dos que interpretam a religião de acordo com a sua fraqueza, e não segundo a virtude verdadeira; se se levasse em conta que a fé permite a grandeza e a defesa da pátria, ver-se-ia que é compatível com a boa religião amar e honrar pátria, e nos prepararíamos para a defender" (Discorsi, II, 2).

Trecho 07: “Em verdade a arrogância não é tanta, pois o que vai explicitado é apenas uma
equiparação a Deus, quando de fato o que historicamente está ocorrendo é algo muito mais radical - a substituição efetiva do plano divino pelo estado: a transição da comunidade na transcêndência pela comunidade anstrata da sociedade política.”

Trecho 08: “E na seqüência, depois de frisar "que a religião servia para comandar os exércitos, levar a concórdia ao povo, zelar pela segurança dos justos e fazer com que os maus corassem pelas suas infâmias", conclui, poucas linhas mais adiante: "nunca nenhum legislador outorgou a seu povo leis de caráter extraordinário sem apelar para a divindade, pois sem isto não seriam aceitas. Há muitas instituições cujos efeitos benéficos podem ser previstos por um homem sábio e prudente, mas cuja evidência não é tal que convença imediatamente a todos os espíritos. Por isto o governante sábio recorre aos deuses. /.../ Se a observância do culto divino é a fonte da grandeza do estado, a sua negligência é causa da ruína dos povos" (Ib.).”

·         Para a discussão sobre o papel das leis na regulamentação da convivência entre os homens:

Trecho 09: “Há que grifar que não se trata, na ação desenvolvida pelo legislador, de objetivos
única ou especialmente vinculados à organização política, mas que abarcam o conjunto da constituição social e moral de uma povo, que a juízo de Maquiavel derivam da lei - desta é que brotam as virtudes morais e cívicas - e da sabedoria e visão do próprio legislador. Em suma, não há propriamente limites à ação deste, que pode transfigurar as antigas estruturas estatais, construir novas, mudar as formas de governo, transferir populações e constituir novas virtudes nas almas de seus súditos. O legislador, portanto, é o arquiteto do estado e da sociedade, aí contidas todas as instituições políticas, econômicas, morais e re-li-gi-o-sas.”

Trecho 10: “De modo que, eterno como perversidade, o homem não tem em si qualquer possibilidade de auto-transformação, nem mesmo de comedimento. Numa palavra, o homem maquiaveliano, intrinsecamente mau, vai ao extremo de ser privado de qualquer inclinação para o autodesenvolvimento. Razão pela qual tem de ser coagido pela lei apoiada na força: "os homens só fazem o bem quando  é necessário; quando cada um tem a liberdade de agir com abandono e licença, a confusão e a desordem não tardam a se manifestar por toda parte. Por isso se diz que a fome e a miséria despertam a operosidade, e que as leis tornam os homens bons" (Ib., I, 3).”

Trecho 11: “A dessacralização maquiaveliana da política, inclusa  aí sua ruptura com a esfera da eticidade, corresponde à moderna entificação do poder, na qual emerge e ganha corpo centralizado e independente, afastado da sociedade  civil, o  estado verdadeiro, rigorosamente de acordo com o papel que lhe é conferido na ordem societária produzida pela lógica do capital.”


 2.2. Letra da música Admirável Gado Novo, de Zé Ramalho.
Para que os alunos compreendam o conceito básico das crises referidas por Chasin na contemporaneidade, vou propor a reflexão da identidade do homem moderno a partir da análise da música e letra de Zé Ramalho, perpassando a aflição deste homem, acometido por uma constante crise com sua identidade e reduzido à condição de gado pós-moderno. Disponível em: http://letras.terra.com.br/ze-ramalho/1127221/



Vocês que fazem parte dessa massa,
Que passa nos projetos, do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais, do que receber.
E ter que demonstrar, sua coragem
A margem do que possa aparecer.
E ver que toda essa, engrenagem
Já sente a ferrugem, lhe comer.
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou.
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
O povo, foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores, tempos idos
Contemplam essa vida, numa cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo, se acabar
A arca de Noé, o dirigível
Não voam, nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar.
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado e,
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado e,
Povo feliz



2.3. Obra áudio-visual: Tempos Modernos, de Charles Chaplin.
Para que os alunos construam a concepção vigente do homem moderno enquanto trabalhador e manutencista das engrenagens do sistema capitalista, os alunos assistirão ao clássico de Chaplin e discutirão as principais características desses tempos modernos. Disponível em:  http://www.youtube.com/watch?v=D_kpovzYBT8


2.4. Interatividade: Diversos vídeos e referências na Internet.
Dedicarei uma aula apenas para que os alunos interajam com as ferramentas disponíveis na internet, tais como músicas e vídeos, de forma a compreenderem de maneira geral os tempos modernos e a aflição do homem diante de tantas possibilidades. Todos os links apresentam um tom cômico ou provocativo, de forma a despertar o interesse dos alunos. Seguem os links que serão apresentados:

·         “Já é velho, Man”. Paródia da música Bad Romance, de Lady Gaga. Com este vídeo, vou propor a reflexão sobre o agenciamento de afetos provocado pelo capitalismo, fazendo com o que homem se torne refém do consumismo, na concepção moderna do “ter” em detrimento ao “ser”. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=BndADIkRNn0.

·         “Homem Moderno”, de George Carlin. Talk Show em que Carlin se define como um homem moderno, utilizando jargões e terminologias próprias deste homem interativo, multifacetado e formado de maneira global. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=hNhNFUaoshE.

·         “Sandman e o Homem Pós-Moderno”. Sonho, personagem principal da animação, precisa definir o que seja o homem pós-moderno e para isso conta com a ajuda de sua irmã gótica, Morte. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Kvv1aIkQPk4&feature=related

·         “3ª do Plural”, clipe da música da banda Engenheiros do Hawaii, que discute a questão do capitalismo e sua dominação sobre o homem moderno. Letra e vídeo disponíveis em: http://letras.terra.com.br/engenheiros-do-hawaii/747530/

3. Objetivos do Plano de Aula

A partir de reflexões, sobretudo sobre o artigo Crítica a Um Futuro Ausente, de José Chasin, problematizaremos com os alunos a importância de uma educação que pense historicamente o passado e filosofe cotidianamente sobre o futuro, construindo um presente significativo e autônomo que não seja apenas ferramenta de manobra do poder tirânico do capitalismo, das religiões e dos legisladores. Com isso, o objetivo deste Plano de Aula é analisar com os alunos o conceito moderno de que o homem seja livre para determinar o seu destino e mudar as leis e os costumes, pilares maiores da manutenção social. Numa época em que é dada tal premissa aos homens, qual a importância da educação para que o homem não seja acometido por crises advindas de uma liberdade que ele não sabe como e nem para quê usar?

4. Conteúdos
Para que os alunos possam compreender as características principais do chamado homem pós-moderno e as implicações da construção dessa identidade na formulação de um futuro que não seja ausente, como postulado por Chasin, levarei os alunos a refletirem sobre o papel da educação neste processo como ferramenta emancipadora da massa coagida.
Para isso, desenvolverei as aulas com base nos seguintes conteúdos principais, sendo certo que cada aula contará com espaços para que os alunos se manifestem e, com isso, ajudem-me a conduzir as discussões sobre o tema:

Primeira Aula: Interpretando Chasin e a angústia pós-moderna.
Para que os alunos possam refletir sobre o conceito de Futuro Ausente e com isso realizarem uma analogia sobre a importância da educação na construção da autonomia dos indivíduos de determinada sociedade, é importante que eles rompam com as possíveis dificuldades que encontrarão na compreensão de um artigo tão complexo. Para isso, leremos juntos alguns trechos, construindo um significado, em conjunto, para o artigo de Chasin. Assim, refletiremos juntos sobre os principais conceitos:
A)    Por que a modernidade é considerada o tempo das crises?
B)    Discutir a crise de identidade pessoal e a conseqüente crise de identidade coletiva em sociedade.
C)    A fragmentação do homem moderno (múltiplo, conectado, multifacetado) o torna um desbravador e autônomo na tomada de decisões. Isso o torna livre e feliz?
D)    Se o homem moderno é autônomo e pode escolher, à revelia da força do destino, seus próprios passos, por que então ainda precisamos de leis e religiões?
E)     O homem é essencialmente mau? Se não fossem as regras morais, legais e religiosas, o mundo seria um grande caos?
F)     Os humanos sobreviveriam a si mesmos se não houvesse as concepções míticas da religiosidade?

Segunda Aula: O homem pós-moderno e suas muitas crises
Analisar a letra Admirável Gado Novo, de modo que eles reflitam sobre os principais aspectos da canção:
A)    O autor refere-se a “vocês” quando cita a massa que passa nos projetos do futuro. Com isso, o autor se exclui dessa massa, demonstrando seu descontentamento com a subserviência que critica no decorrer da canção;
B)    Refletir sobre a condição desigual do homem frente ao capitalismo que massifica a pós-modernidade, demonstrando que ao homem, frente tal relação, cabe dar mais (produzir) do que receber (consumir, pensar).
C)    Constatar a crítica do autor que afirma que a ferrugem das engrenagens capitalistas já corrói aos homens, suplantados pelas exigências do capital.
D)    Verificar que o homem é tratado como gado, sendo destituído de sua autonomia e individualidade e que, de acordo com a concepção vendida pela pós-modernidade, ainda se considera feliz (ou simula para sobreviver) certa felicidade.
E)     Analisar o motivo de o povo fugir da ignorância, apesar de, conforme expressa o autor, viver tão perto dela.
F)     Compreender o conceito de contemplar a vida dentro de uma cela, fazendo a análise de o homem poder admirar um mundo novo, sendo ele, em contrapartida, o admirável gado novo.

Terceira Aula: Cogito pós-moderno:trabalho, logo existo”.
Assistir com os alunos ao filme Tempos Modernos e após a exibição, discutir com eles os principais aspectos do filme:
A)    A paranóia do operário que, estressado pelo trabalho repetitivo de apertar parafusos em uma linha de produção, passa a enxergar parafusos em todos os objetos que se pareçam minimamente com um.
B)    As reações do personagem e o seu olhar desacostumado ao mundo moderno, quando retorna de um período de internação, diante do barulho da cidade e da correria do dia a dia.
C)    As regras de moralidade no ato de uma garota que, vivendo na miséria imputada pelo progresso, rouba para se alimentar.
D)    O ciclo que se repete no filme: trabalhar, ser despedido, ser preso, fugir da polícia, voltar ao trabalho, ser novamente despedido....

Quarta Aula: Pensar pode e deve ser divertido.
Exibir as paródias relacionadas à pós-modernidade, enquanto refletiremos sobre como o humor pode ser um mecanismo para o aprendizado e que a educação não precisa ser tão sisuda, quanto o artigo de Chasin, para ser proveitosa. Além disso, demonstrar que os vídeos são produções independentes e resultado do próprio processo pós-moderno, onde o homem fabrica informação e tem a liberdade de se expressar, fazendo com que tais ferramentas possam trabalhar a favor de uma autonomia de pensamento sobre a sociedade atual.

Quinta Aula: Onde queríamos chegar: mas o que a educação tem a ver com isso?
Após as quatro primeiras aulas, nesta aula pretendo levá-los a refletir sobre a importância da educação para o escape do padrão reproduzido pelo homem pós-moderno. Assim, nessa aula discutiremos livremente sobre as perspectivas da educação, na visão dos próprios alunos, para a construção de um mundo mais equilibrado entre os interesses pessoais e societários. Com base nas discussões travadas nas aulas anteriores e nos pensamentos que forem surgindo durante a exposição, os principais aspectos serão abordados sobre a educação:
A)    A educação como rompimento do pensamento sistemático e homogêneo, provocando a reflexão e quebra de paradigmas.
B)    A importância da educação da desconstrução de dogmas sociais, religiosos e políticos, levando os alunos a pensarem “fora da caixa”.
C)    A desterritorialização promovida pela educação, frente às fronteiras demarcadas para o conhecimento.
D)    A importância da transdisciplinaridade para a formação do homem e do diálogo entre os diversos saberes.
E)     O papel da linguagem e do discurso da educação para a construção da identidade humana.

5. Procedimentos Metodológicos e Didáticos
Como metodologia principal, articularei as fundamentações teóricas deste Plano de Aula com as informações que os alunos, porventura, já possuam. Assim, vamos construindo juntos uma concepção do que seja a pós-modernidade e as aflições que assolam o homem dos novos tempos. Com isso, pensaremos juntos sobre o papel da educação na construção da identidade desse indivíduo moderno, que possui tantas faces e tantas possibilidades (em tese).
Assim, o procedimento didático principal será o de demonstrar aos alunos que, em face do próprio conceito pós-moderno, não há respostas definitivas para a angústia humana, mas que a educação, por meio da promoção da reflexão sobre si e sobre o mundo, pode levá-los a construir uma identidade própria, com autonomia frente aos freios impostos pelos mecanismos pós-modernos - sociedade, legislação e o que sobrou dos dogmas religiosos.
Na prática, os métodos tradicionais de ensino serão largamente explorados, tais como esquemas conceituais na lousa; anotações em lousa das conclusões mais importantes a que forem chegando os alunos durante a discussão; cópia de um resumo sobre a matéria para que guardem e leiam em casa;  leitura conjunta de trechos do artigo etc. Além disso, parte das aulas será realizada no laboratório de informática, onde teremos a oportunidade de acessar links e pesquisarmos sobre informações que forem sendo levantadas durante a aula.

Primeira aula:
  1. Traçar uma rápida biografia de José Chasin.
  2. Informar os objetivos dos trechos selecionados: a crise de identidade do homem contemporâneo, o assujeitamento do homem pela religião e a condução da sociedade pela arquitetura da legislação.
  3. Realizar a leitura de cada trecho escolhido;
  4. Realizar apontamentos em lousa com as principais idéias que forem surgindo durante a discussão.

Segunda aula
  1. Levar os alunos para a sala de informática.
  2. Iniciar a projeção no telão de um vídeo da música, bem como sua letra ao lado.
  3. Questionar se os alunos se identificam como fazendo parte da “massa” e o porquê de suas respostas.
  4. Questionar o que os alunos entendam que “tenha sobrado”, quando o autor canta: “demoram-se na beira da estrada/e passam a contar o que sobrou”.
  5. Levantar a questão se o homem pós-moderno é feliz e se essa felicidade significa ignorância ou subserviência.
  6. Escutar mais uma vez a canção, depois de termos realizado todos os apontamentos sobre ela e sobre a identidade do homem pós-moderno.

Terceira aula
  1. Levar os alunos para a sala de vídeo da escola.
  2. Pedir para que os alunos procurem identificar os conceitos discutidos nas aulas anteriores com as informações do filme.
  3. Dar pausa nos momentos em que os alunos considerarem mais interessantes para rápidas abordagens sobre o assunto.

Quarta aula
  1. Informar aos alunos que a aula será uma forma de situá-los dentro da pós-contemporaneidade, através da linguagem virtual a qual estão acostumados.
  2. Apresentar um link de vídeo por vez, acompanhando o acesso à Internet realizado pelos alunos.
  3. Pedir para que os alunos analisem como o humor pode ajudá-los a compreender melhor os conceitos.
  4. Finalizar a aula exibindo o vídeo da música dos Engenheiros, que trata do mercado capitalista e a posição do homem diante disso.

Quinta aula
  1. Retomar os principais conceitos das aulas anteriores com os alunos.
  2. Perguntar o que eles acham sobre o papel da educação diante do que já discutimos.
  3. Questionar se eles acham que o modelo atual de educação sirve como modo de manutenção do sistema de identidade pós-moderno ou se ela trabalha em prol da “desmassificação” do indivíduo.
  4. Exemplificar como a educação e o pensamento podem libertá-los dos juízos esteriotipados sobre as condutas legais, religiosas e sociais.
  5. Demonstrar o papel emancipador da educação e os modos para utilizá-la contra a aflição moderna.


6. Recursos Materiais

Para a apresentação das aulas, os seguintes materiais serão utilizados:
·         Sala de informática da escola.
·         Computadores com acesso à Internet.
·         Caixinhas de som nos computadores.
·         Sala de Vídeo para exibição de filme.
·         Telão.
·         Uma cópia do artigo de José Chasin.
·         Giz.
·         Lousa.

7.     Aula 6 – Avaliação
Para finalizar as aulas e os objetivos nelas propostos, os alunos terão liberdade para escolherem entre duas maneiras de serem avaliados.
Na primeira opção, os alunos deverão elaborar um texto crítico sobre como enxergam o homem moderno e sobre como a educação pode intervir nessa construção de identidade sócio-cultural. Para isso, os alunos deverão citar passagens das discussões que tivemos em sala de aula.
Na segunda opção de avaliação, os alunos poderão, a exemplo das múltiplas faces de expressão contemporânea, elaborar as seguintes alternativas para desenvolvimento do tema: paródia musical sobre o homem moderno; telejornal com notícias inventadas e que façam alusão às aflições contemporâneas; um slide em PowerPoint com os principais aspectos abordados nas cinco aulas anteriores.

8.   Referências Bibliográficas
CHASIN, José. O Futuro Ausente: Para a Crítica da Política e o Resgate da Emancipação Humana. Disponível em: http://www.verinotio.org/ofuturoausente.pdf

MATOS, Junot Cornélio. A Filosofia na Crise da Modernidade. Disponível em: http://www.unicap.br./Arte/ler.php?art_cod=1392

LIMA, João Francisco Lopes de. A Educação, A Pós-Modernidade e a Crise de Fundamentação do Discurso Pedagógico. Disponível em: http://www.utp.br/Cadernos_de_Pesquisa/pdfs/cad_pesq7/17_a_educacao_a_pos_cp7.pdf

MENDES, José Tadeu Neris. A Educação Contemporânea Versus Contemporaneidade. Disponível em: http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_20899/artigo_sobre_a_educa%C3%87%C3%83o_contempor%C3%82nea_versus_contemporaneidade

WAGNER, Peter. A Crise da Modernidade: A Sociologia Política no Contexto Histórico. Disponível em: http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_31/rbcs31_02.htm

FERREIRA, Carlos Anderson dos Santos. Crises da Modernidade, Globalização e (In)Efetividades de Direitos. Disponível em: http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinppIII/html/Trabalhos/EixoTematicoA/150fd9a8af8327bf114aCarlos_Anderson.pdf