quarta-feira, 20 de abril de 2011

Defesa aos Sofistas e contra-argumentação aos colegas- Natachy Petrini



Com o desenvolvimento da pólis e a instauração do processo democrático na Grécia, a fluência da oratória foi se tornando um quesito fundamental para a conquista do novo ideal de Areté pelos cidadãos. Uma vez que o novo ideal grego era a formação de cidadãos participantes e tendo em vista que essa participação se dava de maneira democrática nas assembléias, a qualidade dos discursos proferidos em público era fator determinante para a tomada de decisões, onde a capacidade de argumentar dos homens gregos era a responsável por salvar ou condenar um acusado, decidir pela entrada ou declínio em uma guerra etc.

Neste cenário em que a palavra ganha força, surgem os sofistas, mestres
em retórica e dialética. Estrangeiros, traziam para a Grécia seus conhecimentos já desenvolvidos sobre medicina e a prática de observação, erro-tentativa que deladecorriam.

No entanto, apenas com essas informações, seria natural que nos
questionássemos acerca das acusações proferidas contra os sofistas durante toda a história da filosofia. Ora, se o poder de argumentação passava a fazer parte das virtudes esperadas de um bom cidadão, por que haveriam de criticar os sofistas, especialistas na elaboração de discursos e na persuasão de interesses? Assim, antes de realizarmos a defesa desta classe de pensadores, vamos analisar primeiramente os motivos que contribuíram historicamente para a desqualificação dos sofistas:

A história contada por seus inimigos

Como sabemos, poucos foram os fragmentos escritos que restaram dos
sofistas. O pouco que deles sabemos, restringe-se aos relatos realizados por outros filósofos, sobretudo, os que atacavam os métodos de ensino por eles empregados. Esta observação é importante para que realizemos uma análise crítica e não embasada meramente nas opiniões dos filósofos contrários às suas práticas, tendo como dois de seus maiores expoentes, Platão e Aristóteles.

Desta maneira, historicamente, a versão reproduzida das técnicas utilizadas
pelos sofistas, foi em sua grande parte disseminada de maneira parcial pelos
socráticos, que em razão de sua consolidada importância e prestígio, contribuíram para que ainda hoje, mantenhamos uma postura pejorativa dos que se dispunham à educação do novo ideal de Areté da pólis. O que os filósofos atacavam nos sofistas, era que estes defendiam não haver uma única verdade e sim, opiniões verdadeiras sobre os fatos. Relativizavam os conceitos de certo e errado, bem e mal, declarando e persuadindo pela argumentação que o homem é a medida de todas as coisas e que, portanto, os homens submetem-se às regras sociais impostas somente por convenção. Ou seja, se o padrão moral que se espera de um cidadão é convencionado socialmente e não pela imposição da natureza ou dos deuses, conceitos como verdade e mentira poderiam ser discutidos pela palavra, tornando o homem senhor de sua potencialidade, bastando para isso, o convencimento de seus interlocutores. Assim, a não afirmação de uma verdade absoluta e o pagamento que cobravam de seus alunos, tornaram irreconciliáveis as divergências entre os filósofos e os mestres da educação.

A ira dos nobres oligarcas
Com o desenvolvimento da democracia na pólis, os laços sanguíneos já não eram mais os responsáveis pela manutenção do prestígio social. No entanto, a
teoria autóctone dos gregos continuava vigente, servindo ainda aos interesses da nobreza. Com a chegada dos sofistas e a proposta de educação que apresentavam, a construção de democracia tomou novo fôlego, dando chances iguais de aprendizado aos nobres e aos cidadãos, onde mesmo os menos abastados poderiam reunir economias e aprender as melhores técnicas para a participação nas assembléias. Os nobres objetavam quanto ao ensino destes cidadãos em razão do receio de estes tomarem o poder através do uso da palavra, vencendo discussões que poderiam determinar interesses distintos aos dos remanescentes da aristocracia.

Assim, citamos primeiramente os dois motivos acima por acreditarmos que, embora travestidos com novas roupagens e embasamentos teóricos, ainda hoje ossofistas são execrados pelo senso comum, em razão dos mesmos motivos de outrora: a influência que as opiniões de importantes filósofos ainda exerce sobre nós, bem como a ruptura com a ilusão de serem os filósofos pessoas especiais e que devessem ter por isso, como interesse principal, a busca por uma verdade absoluta.
A partir desta breve introdução histórica sobre os sofistas, nos proporemos
agora de fato, a defendê-los. No entanto, é importante que fique claro que esta defesa será realizada de forma sofística. Ou seja, não pretendemos aqui afirmar que as técnicas empregadas pelos sofistas sejam o ideal da filosofia ou que possuam maior importância do que as teorias de seus históricos opositores. Se vamos defender os sofistas, o faremos buscando utilizar os conceitos de argumentação que eles defendiam, onde não há verdade absoluta a submeter-se e sim, opiniões verdadeiras a serem defendidas. Partindo da famosa frase de Protágoras de Abdera de que o homem é a medida de todas as coisas, tentaremos argumentar com os colegas que criticaram estes pensadores sem, contudo, refutar quaisquer outras possibilidades de compreensão. Daremos importância para a mudança de visão cosmológica para antropológica sugerida pelos sofistas, tentando nos valer da palavra para a nossa sustentação argumentativa.

Por isso, escolhemos algumas frases de crítica elaboradas por nossos colegas de classe, para que através delas chegássemos à proposta sofística: argumentação e tentativa de persuasão. Para isso, é importante que fique claro também, quais são os pilares que sustentam as críticas tecidas ao longo da história da filosofia contra os sofistas e que será aqui, revisto com um olhar de defesa: relativismo, subjetivismo, ceticismo, convencionalismo, oportunismo político, utilitarismo e cobrança pela educação.

Argumentação contra as críticas dos colegas – exercício das técnicas
sofísticas.

Abaixo seguem as frases de ataque aos sofistas que tentaremos refutar, ressaltando que vamos analisá-las conforme transcrição fiel ao que foi escrito,
procurando criar uma relativização das observações feitas por estes colegas. Longe de afirmarmos qualquer verdade ou de tentarmos dissuadí-los de seus pontos de vista, a tarefa a que nos propomos é a de reflexão para as demais possibilidades de compreensão dos indivíduos, como agentes responsáveis pela convenção moral, social e religiosa, e como medida de toda a retórica que exercitaremos:


“Para resultados os vendedores de sabedoria a exemplo dos SOFISTAS, se adaptam
as necessidades dos alunos e seus pais, apenas para corresponder as necessidades e
expectativas temporárias e provisórias. Muitas vezes tradição, conteúdo, excelência,
alto nível de corpo docente são substituídos, única e exclusivamente pela aparência da
instituição de ensino e o que oferece de status ou ainda resolve o problema do
analfabetismo no Brasil”.
Nanci Assad, com postagem em 15/03/11 intitulada: Influência do Sofismo na
Educação Atual.

Como podemos observar, a colega Nanci traçou um paralelo sobre o
conceito de educação grega e o atual. Consideramos correta a crítica ao sistema de ensino vigente, no entanto, não o consideramos defasado em razão de uma possível herança sofística, longe disso, infelizmente. Sabemos que hoje as crianças são aprovadas de ano de forma quase automática, através da progressão continuada. Entendemos que embora os resultados sejam catastróficos para a educação brasileira, o seu conceito é interessante e pode ser utilizado como defesa aos sofistas – já que a comparação foi elaborada. Cada indivíduo é composto por conexões que realiza desde a infância, sendo estas conexões (biológicas, sociais, culturais) responsáveis pela facilidade de aprendizado de um aluno em Matemática, do interesse de outro por Filosofia etc. Ora, se é sabido que cada indivíduo é único, diferente em suas singularidades e partindo da premissa de que cada homem é a medida de todas as coisas, como supor que uma classe com quarenta alunos, por exemplo, forme com o mesmo grau de satisfação todos os seus integrantes? Como exigir de cada indivíduo tão particular, o aprendizado de conceitos fixos em um determinado espaço de tempo, que é padrão atual a todos os alunos, correspondendo aos ciclos propostos pela educação moderna?

Por isso, consideramos válida e importante a idéia de progressão continuada, onde a educação atenderia aos interesses de cada aluno, levando em consideração suas aptidões particulares e o seu ritmo próprio de aprendizado. No entanto, como dissemos, o problema não se encontra em sua estrutura teórica e sim na execução prática de tal medida. Acreditamos que atrelar a aprovação automática dos alunos (apenas um exemplo da educação atual) às condutas pedagógicas dos sofistas, seria um bom exemplo em caso de argumentação positiva, já que podemos encontrar na progressão continuada um exemplo de teoria sofística. O seu estabelecimento, contudo, não conceitualiza-se da mesma maneira e por isso, atinge resultado oposto ao que se esperaria dos sofistas – a excelência na qualidade do ensino.

Portanto, apontamos duas maneiras para se observar a analogia realizada
pela colega Nanci sobre a educação grega e a atual: considerarmos que a
inconsistência do ensino é uma herança sofística, atendendo em muitos casos
apenas aos interesses transitórios de pais e alunos ou considerarmos que a
educação atual em nada se parece com os conceitos defendidos pelos sofistas, uma vez que os alunos não são preparados para analisarem um problema sob diversos pontos de vista, tampouco se tornarem aptos a defenderem tais argumentações com a qualidade do discurso. Esta aparente contradição entre os termos é demonstrada aqui como exemplo claro de sofismo. Há duas maneiras de analisarmos uma mesma questão e não há como afirmar a verdade, haja vista a multiplicidade de opiniões, estas sim verdadeiras, sobre a educação. Neste aspecto, consideramos clara a herança dos sofistas: a liberdade de não defendermos nem acusarmos definitivamente uma teoria e sim propormos novos caminhos para a sua abordagem, mediante a articulação da linguagem.

“(...) Ao afirmar que “O homem é a medida de todas as coisas, das que são, enquanto
são, e das que não são, enquanto não são” Protágoras está subjetivando,
relativizando, irracionalizando...Você concorda com ele? A Verdade, para você, é
subjetiva? É relativa? É irracional? Se cobravam por seus préstimos pedagógicos
pouco importa. Se conduziam seus aprendizes ao fosso – isto importa...”
Rogério de Souza, com postagem em 14/03/11 intitulada: Willian, redirecionando
a questão.

Sim, os sofistas acreditam que a verdade seja subjetiva e relativa, mas não
que ela se torne irracional. Defendem que a verdade possa ser racional e ainda assim distinta entre os indivíduos, sem que sejam necessárias afirmações definitivas sobre o que seja, ou não, a verdade. Partindo da idéia de o Homem ser a medida de todas as coisas e que por isso os conceitos de verdade que produzem btambém sejam inconstantes, os sofistas defendem a tese de existirem a phýsis e o nómos. De acordo com eles, os homens deveriam submeter-se às leis da natureza, procurando evitar em todos os sentidos a morte. No entanto, as demais regras
seriam apenas convenções sociais, o que permitiria a burla ou a refutação de dos seus princípios, uma vez que não se tratam de leis naturais ou impostas por deuses. Assim, se os homens fazem as leis, os homens podem mudá-las. Se os homens definem o conceito de verdade, a verdade também poderá mudar junto com o homem e ser específica a cada indivíduo que a conceitue. A verdade seria o que aparenta ser a cada um e não uma regra dogmática que não possa ser revista, discutida, ampliada e alterada – e para isso, utilizavam as famosas técnicas de retórica, persuasão e dialética.

Assim, partindo destes pressupostos e respondendo ao questionamento feito
pelo colega Rogério, podemos afirmar que a verdade seja subjetiva e, de fato,
relativa e que a condução dos que nisso acreditam ao fosso, não se dê pelo caráter teórico defendido e sim por questões práticas, também individuais a cada um. Como contra-argumentação, na qualidade de defensores dos sofistas poderemos propor também o desafio: que os críticos dos sofistas designem ao menos um exemplo de verdade eterna, que não seja a lei natural de sobrevivência (phýsis) aos quais todos estamos submetidos. Todas as demais afirmações poderão ser refutadas com argumentos sofísticos, uma vez que sobre as leis dos homens e suas convenções (nómos), podemos discutir sob quaisquer pontos de vista, desde que o formulemos com o devido embasamento retórico.

“A contribuição dos sofistas à educação é altamente questionável. Vou provar!
Um dia desses seu filho filho chega em casa e diz:
Pai, é verdade que não existe nada?
Pai, é verdade que embora algo exista, o homem não saiba que existe?
Pai, é verdade que embora o algo sendo concebível, é inexplicável e incomunicável ao
próximo?
Você então pergunta?
Quem te ensinou estas irracionalidades?
Seu filho responde:
Meu professor, Górgias de Leontium...”
Rogério de Souza, com postagem em 14/03/11 intitulada: Willian, você continua
se contradizendo?

Nesta crítica, o colega Rogério faz menção às três declarações do sofista
Górgias de Leontini, presentes na obra Da natureza ou seja do Não-Ser: o ser não é ou Nada é; o ser não pode ser pensado; o ser não pode ser dito. Estas declarações, embora duramente criticadas até hoje, abriram uma nova perspectiva analítica que se tornou fundamental para todo o desenvolvimento filosófico posterior: “pela primeira vez, com clareza, é quebrada a identidade ser-pensar-dizer, contida na palavra lógos, e é estabelecida a diferença, a separação e a autonomia entre realidade, pensamento e linguagem”. (Chauí, 1994, p. 175)

Sem nos atermos às complexas explicações sobre as declarações de Górgias
e procurando desenvolver a proposta apresentada do sofista responsável pela educação de uma criança, afirmamos: as crianças tornar-se-iam muito mais curiosas e pensantes. Fazendo uma analogia com o pensamento sofístico e uma transposição aos tempos atuais, teríamos (apenas como a título de exemplo), um professor que afirma: Deus é amor, embora Deus não exista. Ele é, mas não existe. Quando o pai questionasse ao filho sobre as supostas irracionalidades, teríamos uma criança apta ao desenvolvimento racional da teoria, embasando-se no fato de que, embora a idéia de Deus seja amor ou qualquer outro atributo qualitativo, ele não existe – ao menos não racionalmente. Seria um aluno capaz de assimilar a existência de Deus aos crentes e a sua inexistência aos não crentes; um aluno que provavelmente conseguiria compreender a separação entre o Deus existencial e o Deus da linguagem, pensado.

O que queremos dizer é que, longe de pretender formar crianças atéias ou
com qualquer outra convicção dogmática deste nível, teríamos pequenos indivíduos que chegariam em casa e questionariam tais afirmações com seus pais, ou seja, uma realidade bem diferente da maioria dos lares modernos. E então, sem querer afirmar a superioridade de um professor sofista de um professor convencional, somos obrigados a supor duas possibilidades: a da criança que chega em casa com todos os conceitos já definidos e ensinados pelo professor e cobrados pela instituição de ensino, ou uma criança que não é adestrada a acreditar ou cumprir esta ou aquela tarefa, em função desta ou daquela razões. Teríamos então uma criança com um desenvolvimento analítico crítico, que a faria decidir por quais caminhos seguir, quais teorias acreditar e quais as sustentações teóricas argumentativas possíveis. Ora, este não é o mérito dos sofistas: fornecer ferramentas para que cada indivíduo chegue ao seu próprio conceito de virtude e moral para que amparado por tais preceitos, posso escolher a maneira como vai relacionar-se socialmente com os demais, inclusive com os seus contrários?

Em tese, o comentário do colega Rogério nos aponta a duas direções opostas: a educação como ela é ou a educação como poderia ser. E respondendo à
pergunta e com isso sustentando a nossa defesa aos sofistas, afirmamos a
preferência pela criança que chegue em casa cheia de dúvidas, à criança que
chegue em casa supondo conhecer todas as verdades.

“Com todo respeito a você e autor, quando nos referimos a verdade universal, estamos
falando do que é comum em toda é qualquer parte do mundo e prejudica a vida
humana, por exemplo a preservação da vida é um direito humano universal, toda e
qualquer crença, conjunto de valores, regras e até costumes torna-se imoral caso a
vida seja colocada em risco ou finalizada por motivos torpes, excusos e particulares,
como a mulher adultera que seria apredejada até a morte em pleno seculo XXI -
ATITUDE ANTI ETICA E IMORAL.
A natureza e o ser humano foram criados para serem parte de um sistema e são feitos
de componentes comuns em qualquer lugar do mundo, no Brasil uma semente é uma
semente, elas diferem em especies e ambientes, porém uma semente que gera uma
planta útil para a saude humana é importante em qualquer pais e se por razões
economicas ou politicas ela for exterminada por interesses particulares, será anti ético
em qualquer lugar do mundo - HOMEM E NATUREZA DEVEM SERVIR AOS
PROPOSITOS DA SUA CRIAÇÃO.
Um animal de estimação pode ser gato ou cachorrro diferem no tipo de companhia ou
relacionamento que tem com o homem, mas representam "lealdade", "companhia",
"troca", se o homem resolver matar cachrros ou gatos será considerado anti etico em
qualquer lugar do mundo, animais de estimação não foram criados para a morte.
Quando o ser humano evoluir será tão horrivel comer carne de animal (vaca, frango,
peixe) quanto é hoje comer outros seres humanos - OS ANIMAIS NÃO FORAM
FEITOS PARA SATISFAZER O SER HUMANO TENDO QUE TER SUAS VIDAS
SACRIFICADAS, A VACA DÁ O LEITE, O FRANGO OS OVOS ELES COM OS
PEIXES COMPÕE ECO SISTEMAS, SEM OS QUAIS OS HOMENS PERECERIAM .....
ISSO É ANTI ÉTICO EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO, MAS IGNORAMOS
PORQUE ESTAMOS HABITUADOS A CONVIVER COM A FALTA DE ÉTICA
REGISTRADA EM NOSSO INCONSCIENTE.”
Nanci Assad, com postagem em 19/03/11 intitulada: A verdade é universal e diz
respeito aos aspectos gerais.

Concordamos aqui com parte do que a colega Nanci defende em seu primeiro parágrafo, como sendo a vida um direito, um valor universal. Com isso, vemos dispostos os conceitos de phýsis, aos quais todos submetemo-nos, obrigando-nos às leis que proíbem o assassinato, por exemplo. Contudo, todos os demais preceitos desenvolvimentos na crítica, são convencionados. Para exemplificar a idéia de phýsis e convenção, nómos: Precisamos comer e é pela boca que se come. Cumprimos a esta determinação para não morrermos de inanição. Assim, comer pela boca é uma regra natural, da phýsis. Contudo, poderemos, se assim quisermos, levar os alimentos até a boca com os pés e não com as mãos. Contrariaríamos as regras sociais e de etiqueta (nómos), mas não infligiríamos a única lei a que devemos ser submetidos: as que determinam a nossa vida ou morte. Todas as outras são convenções, reguláveis para e pelos homens – que
mudam - mudando também os padrões comportamentais que são esperados.
Continuando a análise, discordamos do terceiro parágrafo, que diz ser antiético,em qualquer lugar do mundo, a morte de animais de estimação. Como bem sabemos, é comum o consumo de carne de cachorro em diversos países do Oriente, assim como é comum aos países do Ocidente, o consumo de carne bovina (o que causa revolta, por exemplo, nos indianos). Com isso, pretendemos afirmar a teoria dos sofistas de que as leis sociais, morais e religiosas são meras convenções e que o que pode ser anti-ético a um indivíduo que não consome carne, pode não ser anti-ético para outro que consuma. Que as regras a que submetem-se as pessoas e que em tese, não provocariam a extinção da vida, não precisariam ser socialmente
obedecidas. Ou ainda que sejam obedecidas em nome da ordem, que não sejam dogmatizadas como imutáveis, inflexíveis e não abertas à contra-argumentação como a que aqui estamos nos propondo.

O que devemos todos nos atentar é quanto ao consumo sustentável de carne ou de qualquer outro alimento, bem como para os meios de produção que
são empregados. Se a possibilidade de consumir carne tornar-se prejudicial de
alguma maneira à manutenção da vida humana, então deveremos repensar suas condições. Contudo, se a questão a ser discutida tratar-se apenas de conceitos de virtude, então poderemos refutar tais regras, desafiando as convenções que são puramente sociais e fazendo valer os direitos e preceitos éticos individuais de cada um.

Breve Conclusão sobre a defesa dos sofistas aqui apresentada.

Para finalizar o exercício de contra-argumentação que realizamos a partir de
algumas afirmações dos colegas de classe, ressaltamos que a intenção de tais
refutações foi, como já dissemos, apenas a de utilizar as técnicas sofísticas de
persuasão. Não é de nosso interesse proferir uma verdade tendo como base a
filosofia dos Sofistas, tampouco desmerecer a argumentação destes colegas.
O que pretendemos com tais observações, é demonstrar que embora sejam
muitos os aspectos negativos que foram veiculados aos sofistas, bem como a
defesa de escolas filosóficas opostas à que aqui defendemos, não imaginaríamos outra maneira de posicionarmo-nos a favor destes pensadores, que não fosse por meio de seus ensinamentos e técnicas.
Assim, não decretamos nenhuma verdade, tampouco estamos convencidos
de que não seja possível uma superação contra-argumentativa das conclusões que por ora chegamos. Acreditamos, ainda, que a filosofia aconteça exatamente nestes momentos, quando abrimos novas perspectivas sobre um mesmo tema, não aceitando a imposição de dogmas definitivos ou verdades eternas.
Por fim, é importante que deixemos claro que não concordamos com o
ataque contra os sofistas para a defesa dos socráticos, tampouco a defesa dos sofistas em detrimento das demais correntes filosóficas. Acreditamos que todas as teses podem e devem conviver harmoniosamente, já que, como bons sofistas, negamo-nos a acreditar em um caminho somente, uma única possibilidade verdadeira. Todas as teorias são importantes tanto para a educação quanto para o desenvolvimento da filosofia, sendo permitido a cada indivíduo “mudar de lado” sempre que queira, não perdendo com isso seu valor moral. Afinal, estes são os preceitos principais dos sofistas: a educação para todos, a desconfiança de verdades absolutas e o desenvolvimento da linguagem para a defesa dos interesses– próprios ou coletivos.

Produzido por Natachy Petrini

Serviram de apoio bibliográfico:

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da Filosofia – Dos Pré-Socráticos a
Aristóteles. 2. Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
JAEGER, Werner. Paidéia: A formação do homem grego. 5. Ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2010.
<http://www.vaniadiniz.pro.br/espaco_ecos/filosofia_virginia/reinerio_os_sofistas.h
tm> Acesso em: 21 mar. 2011.
<http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070519060934AA8axpp>
Acesso em: 21 mar. 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário