quarta-feira, 20 de abril de 2011

Resposta à Margarete - Meu desafio aos sofistas

Não é tão simples assim! O engodo que a sofística produz não é facilmente percebido.
Vou apresentar a você três sofismas elaborados por Dostoiévski no texto "O Grande Inquisidor' e postos na boca do sacerdote de Roma, o acusador de Cristo. (Não estou falando de religião!).

Proposição 1:
Queres ir pelo mundo com as mãos vazias, a pregar aos homens uma liberdade que a sua estupidez e a sua ignomínia natural os impedem de compreender, uma liberdade que lhes faz medo, porque nada há nem nunca houve tão intolerável que a liberdade para o homem e para a sociedade!

1º Sofisma
Vês estas pedras neste árido deserto? Transforma-as em pães e a humanidade seguirá os Teus passos, como um rebanho dócil e reconhecido, mas sempre com medo que a Tua mão se retire e que o pão se lhe acabe.

Proposição 2:
Vê e ajuíza, após quinze séculos: quem elevaste até junto de Ti? Posso jurar-to: o homem é mais fraco e mais vil do que Tu julgavas. Acaso pode ele realizar o mesmo que Tu? 

2º Sofisma
A grande estima que tinhas pelos homens prejudicou a piedade. Exigiste-lhes demasiado, Tu que, no entanto, os amavas mais do que a Ti próprio! Estimando-os menos, ter-lhes-ias imposto fardo mais leve, mais de acordo com o Teu amor. 

Proposição 3:
É culpa deles, dos outros, dos fracos homens, o não terem podido suportar o que suportam os fortes? 
Acaso tem culpa a alma fraca de não poder conter dores tão terríveis? Só vieste para os eleitos?

3º Sofisma
Nesse caso, é um mistério, incompreensível para nós, e teríamos o direito de o pregar aos homens, de ensinar que não importam nem a livre decisão dos corações nem o amor, mas sim o mistério, a que se devem submeter cegamente, mesmo contra a aprovação da sua consciência.

O desafio:
Consegue enxergar a capciosidade do Sofisma neste texto de Dostoievski? A construção lógica do discurso com proposições eloquentes e argumentos contundentes, quase irrefutáveis?

Te garanto: Não é simples identificar um sofisma. Não é fácil


Por Rogério de Sousa

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