quarta-feira, 20 de abril de 2011

Resposta ao Carlos Henrique - O desgosto da sofística

Apreciei sua postagem e me vejo no dever de contrapor o argumento da Filosofia ao utilitarismo da sofística.

1º Os sofistas de ontem e de hoje não são defensores da democracia. 
São parasitas do sistema, e como tais,vivem às custas de seus hospedeiros, independentemente da ação desenvolvida pelos cidadãos. Não são nem pelos "aristói" nem pelo "demos". São por si sós - ninguém mais! 

2º A aretê proposta pelos sofistas era (e é) um desgosto para a Filosofia. 
Desde Homero a virtude da justiça, da fortaleza (ou coragem), da prudência e da temperança era matéria viva para a formação do Homem Ideal (lembrando a discussão anterior). À partir de Parmênides a virtude é pensada em termos ontológicos, do Ser. O não-Ser seria a negação da aretê e quando surge Górgias, a balança pende para o não-ser e toda a discussão ontológica descamba para o âmbito mesológico eudemônico (meios para alcançar a felicidade). Que bela contribuição! 

3º Platão não faz parte da "turminha aristocrata". 
Para o Filósofo ser um aristói é ser Melhor, é contemplar a Idéia do Belo e sublimar-se por ser ela, a maior de todas as Virtudes. Dostoievski, no romance “O idiota" reflete esta aristocracia platônica ao lapidar a frase: “A beleza salvará o mundo”. (vide http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Idiota)

4º Se tudo é uma questão de interesses, cabe ao homem bom nortear seus interesses para proveito universal. 
Esta noção utilitarista do interesse foi profundamente dramatizada por Kafka na obra Metamorfose. "Dia desses, o jovem que a todos servia de forma altruísta acorda transmutado em "barata". Seus familiares (utilitaristas) até que demonstram, a princípio, preocupação com ele, mas por fim...".


Por Rogério de Sousa

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